História B

História B
10.º Ano
Formação Específica
Ensino Secundário
Introdução

As Aprendizagens Essenciais (AE) de História B destinam-se a alunos do Curso de Ciências Socioeconómicas dos Cursos Científico-Humanísticos, ou a alunos de outros cursos que, nos termos da legislação aplicável, optem por um percurso formativo próprio.

Identificam os conhecimentos, as capacidades e as atitudes que os alunos devem atingir com a aprendizagem da História no Ensino Secundário. A sua definição tem como objetivo assegurar aos jovens formações sólidas, orientadas para o desenvolvimento de competências com elevado grau de transferência que possibilitem a aprendizagem ao longo da vida e desempenhos adequáveis a novas situações, seja o prosseguimento de estudos ou a inserção no mercado de trabalho.

O objeto e o método próprios da disciplina de História B tornam-na importante para a consecução do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória: recorrendo à multiperspetiva e a comparações entre realidades espácio-temporais distintas, o aluno adquire a compreensão do mundo em que vive e uma consciência histórica que lhe permite assumir uma posição informada e participativa na construção da sua identidade individual e coletiva, numa perspetiva humanista; um método que valoriza a análise exaustiva de fontes diversificadas, direcionadas para a História Socioeconómica, promove o desenvolvimento de uma perspetiva crítica, possibilitando a desconstrução de informação, identificando o erro e a ilusão, promovendo uma intervenção consciente e democrática na vida coletiva.

As AE constituem orientação curricular para efeitos de planificação, realização e avaliação e substituem o que no programa é enunciado como “conteúdo de aprofundamento” e “conceitos/noções estruturantes”. Estabelecem o conjunto de conhecimentos, capacidades e atitudes que se considera ser essencial que os alunos adquiram ao longo do processo de ensino aprendizagem, mas não esgotam de forma alguma o que pode ser lecionado e apreendido, considerando que o programa continua em vigor.

A disciplina de História B frequentada, sobretudo, por alunos do Curso de Ciências Socioeconómicas, privilegia a história económica e social, embora foque a diversidade e as interrelações entre os planos político, institucional, económico, social, cultural e de mentalidade. A abordagem inicia-se no séc. XVI, altura em que a reflexão socioeconómica adquire autonomia.

Pressupondo-se a necessidade de mobilizar as aprendizagens do ensino básico, este documento estrutura-se em torno de quatro eixos organizadores:

  • valorização do conhecimento histórico decorrente de uma construção rigorosa que resulta da confrontação de fontes e de hipóteses;
  • opção pela abordagem de aspetos significativos da evolução da humanidade, integrando linhas de reflexão problematizadoras das relações entre o passado e o presente, priveligiando uma vertente socioeconómica;
  • aquisição de referentes seguros que possibilitem a compreensão das grandes questões nacionais e dos problemas decorrentes da globalização;
  • opção por uma pedagogia que envolve os alunos na construção do conhecimento, permitindo o aprofundamento de determinados temas, a mobilização de componentes locais para a construção do currículo e as explorações interdisciplinares.

Ao assumir o Perfil dos Alunos como documento enquadrador do currículo, as opções tomadas para a definição das Aprendizagens Essenciais pressupõem o desenvolvimento de competências, próprias do conhecimento histórico, em sintonia com as áreas identificadas naquele documento:

Pesquisar, de forma autónoma mas planificada, em meios diversificados, informação relevante para assuntos em estudo, manifestando sentido crítico na seleção adequada de contributos (A; B; C; D; F; I)

Analisar fontes de natureza diversa, distinguindo informação, implícita e explícita, assim como os respetivos limites para o conhecimento do passado; (A; B; C; D; F; I)

Analisar textos historiográficos, identificando a opinião do autor e tomando-a como uma interpretação suscetível de revisão em função dos avanços historiográficos; (A; B; C; D; F; I)

Utilizar com segurança conceitos operatórios e metodológicos da disciplina de História; (C; D; F; I)

Situar cronológica e espacialmente acontecimentos e processos relevantes, relacionando-os com os contextos em que ocorreram; (A; B; C; D; F; I)

Identificar a multiplicidade de fatores e a relevância da ação de indivíduos ou grupos, relativamente a fenómenos históricos circunscritos no tempo e no espaço; (A; B; C; D; F; G; H; I)

Situar e caracterizar aspetos relevantes da história de Portugal, europeia e mundial; (A; B; C; D; F; G; H; I)

Relacionar a história de Portugal com a história europeia e mundial, distinguindo articulações dinâmicas e analogias/especificidades, quer de natureza temática quer de âmbito cronológico, regional ou local; (A; B; C; D; F; G; H; I)

Mobilizar conhecimentos de realidades históricas estudadas para fundamentar opiniões, relativas a problemas nacionais e do mundo contemporâneo, e para intervir de modo responsável no seu meio envolvente; (A; B; C; D; E; F; G; H; I)

Problematizar as relações entre o passado e o presente e a interpretação crítica e fundamentada do mundo atual; (A; B; C; D; E; F; G; H; I)

Elaborar e comunicar, com correção linguística e de forma criativa, sínteses de assuntos estudados; (A; B; C; D; F; I; J)

Manifestar abertura à dimensão intercultural das sociedades contemporâneas; (A; B; C; D; E; F; G; H; I)

Desenvolver a capacidade de reflexão, a sensibilidade e o juízo crítico, estimulando a produção e a fruição de bens culturais; (A, B, C, D, E, F, G, H, I, J)

Desenvolver a autonomia pessoal e a clarificação de um sistema de valores, numa perspetiva humanista; (A, B, C, D, E, F, G, H, I)

Desenvolver a consciência da cidadania e da necessidade de intervenção crítica em diversos contextos e espaços. (A, B, C, D, E, F, G, H, I, J)

Promover o respeito pela diferença, reconhecendo e valorizando a diversidade: étnica, ideológica, cultural, sexual; (A; B; C; D; E; F; G; H; I)

Valorizar a dignidade humana e os direitos humanos, promovendo a diversidade, as interações entre diferentes culturas, a justiça, a igualdade e equidade no cumprimento das leis; (A; B; C; D; E; F; G; H; I)

Respeitar a biodiversidade, valorizando a importância da riqueza das espécies vegetais e animais para o desenvolvimento das comunidades humanas. (A; B; D; F; G)

No ensino básico os alunos adquiriram uma visão genérica da evolução das sociedades e a factologia essencial, especialmente no que respeita à história de Portugal. Num entendimento de sequencialidade entre aquele ciclo e o ensino secundário, propõe-se, no 10.º ano de escolaridade, analisar os dinamismos económicos europeus nos séculos XVI a XVIII, do Antigo Regime à afirmação do Liberalismo, assim como as formas de expansão e disseminação assumidas pela ideologia liberal nos séculos XVIII e XIX e a caraterização da civilização industrial.

Áreas de Competências do perfil dos Alunos (ACPA)
Linguagens e Textos
Informação e comunicação
Raciocínio e resolução de problemas
Pensamento crítico e pensamento criativo
Relacionamento interpessoal
Desenvolvimento pessoal e autonomia
Bem-estar, saúde e ambiente
Sensibilidade estética e artística
Saber científico, técnico e tecnológico
Consciência e domínio do corpo
Operacionalização das Aprendizagens Essenciais (AE)
Organizador
DINAMISMOS ECONÓMICOS DA EUROPA NOS SÉCULOS XVI A XVIII
Conhecimentos, Capacidades e Atitudes

Uma Europa a dois ritmos: predominância rural e dinamismo urbano: a fachada Atlântica – Lisboa, Sevilha e Antuérpia

Reconhecer no império português o primeiro poder global naval, destacando a sua componente comercial;

Demonstrar que as novas rotas de comércio intercontinental promoveram a circulação de pessoas e produtos, influenciando os hábitos culturais à escala global;

Compreender que a prosperidade das potências imperiais se ficou também a dever ao tráfico de seres humanos, principalmente de África para as plantações das Américas;

Analisar as transformações económicas ocorridas em Portugal nos séculos XVII e XVIII e a condição de subordinação das suas áreas coloniais;

Identificar/aplicar os conceitos: economia pré-industrial; crise demográfica; mercantilismo; bolsa de valores; capitalismo comercial; companhia monopolista; protecionismo; balança comercial; exclusivo colonial; comércio triangular.

A hegemonia económica britânica

Justificar a formação de um mercado nacional e o arranque industrial ocorridos em Inglaterra com a transformação das estruturas económicas;

Compreender que o agravamento das condições do mundo rural se relacionou com as crises económico-demográficas;

Explicar o carácter cíclico das crises, comparando crises do passado e crises atuais;

Contextualizar a afirmação de cidades potenciadoras de dinamismos económicos e sociais a nível regional, nacional e mundial – os exemplos de Londres e de Lisboa;

Reconhecer, nas práticas mercantilistas, modos de afirmação das economias nacionais;

Portugal no contexto da ascensão económica da Inglaterra

Analisar a forma como o estado português organizou as forças produtivas do reino e do Brasil;

Enquadrar as primeiras medidas mercantilistas, nomeadamente a instalação de manufaturas;

Analisar as questões levantadas com a aplicação do tratado de Methuen, nomeadamente as relacionadas com o desenvolvimento da política manufatureira;

Relacionar a política económica e social pombalina com a prosperidade comercial de finais do século XVIII.

Identificar/aplicar os conceitos: manufatura; enclosure; banco de depósito; mobilidade social; revolução industrial; mercado nacional; época moderna; crise.

Ações estratégicas de ensino orientadas para o perfil dos alunos

Promover estratégias que envolvam aquisição de conhecimento, informação e outros saberes, relativos aos conteúdos das AE, que impliquem:

Selecionar fontes históricas fidedignas e de diversos tipos;

Recolher e selecionar dados de fontes históricas para a análise de assuntos e temáticas em estudo;

Organizar, de forma sistematizada e autónoma, a informação recolhida em fontes históricas;

Estudar de forma autónoma e sistematizada;

Analisar factos, teorias e situações, selecionando elementos ou dados históricos relevantes para o assunto em estudo;

Saber problematizar os conhecimentos adquiridos, de forma escrita e oral;

Utilizar a capacidade de memorização, associando-a à compreensão;

Estabelecer relações intra e interdisciplinares;

Valorizar o património histórico e natural, local, regional e europeu, este último numa perspetiva de construção da cidadania europeia.

Promover estratégias que envolvam a criatividade dos alunos:

Formular hipóteses sustentadas em evidências, face a um acontecimento ou processo histórico;

Mobilizar o conhecimento adquirido aplicando-o em situações históricas específicas, simples e complexas;

Propor alternativas de interpretação a um acontecimento, evento ou processo, problematizando-as;

Promover a multiperspetiva em História, num quadro de desenvolvimento pessoal e autónomo;

Usar meios diversos para expressar as aprendizagens, sabendo justificar a escolha desses meios;

Criar soluções estéticas criativas e pessoais.

Promover estratégias que desenvolvam o pensamento crítico e analítico dos alunos, incidindo em:

Mobilizar o discurso (oral e escrito) argumentativo de forma sistemática e autónoma;

Organizar debates que requeiram sustentação de afirmações, elaboração de opiniões ou análises de factos ou dados históricos;

Organizar o discurso oral ou escrito recorrendo a conceitos operatórios da História; Organizar o discurso oral ou escrito recorrendo a conceitos metodológicos da História;

Discutir conceitos, factos e processos históricos numa perspetiva disciplinar e interdisciplinar, incluindo conhecimento disciplinar histórico;

Analisar diversos tipos de fontes históricas com diferentes pontos de vista, problematizando-os.

Promover estratégias que induzam ao respeito pela diferença e diversidade;

Aceitar e/ou argumentar diversos pontos de vista;

Saber interagir com os outros no respeito pela diferença e pela diversidade;

Confrontar ideias e perspetivas históricas distintas, respeitando as diferenças de opinião.

Promover estratégias que envolvam por parte do aluno:

Planificar, sintetizar, rever e monitorizar;

Registar seletivamente informação recolhida em fontes históricas de diversos tipos;

Construir sínteses com base em dados recolhidos em fontes históricas analisadas;

Elaborar relatórios, obedecendo a critérios e objetivos específicos;

Elaborar planos específicos e gerais, assim como esquemas simples e complexos, estabelecendo cruzamento de informação;

Sistematizar, seguindo tipologias específicas acontecimentos e/ou processos históricos.

Promover estratégias que impliquem por parte do aluno:

Colocar questões-chave cuja resposta abranja acontecimentos ou processos históricos;

Questionar os seus conhecimentos prévios.

Promover estratégias que impliquem por parte do aluno:

Comunicar uni, bi e multidirecionalmente;

Responder, apresentar;

Mostrar iniciativa.

Promover estratégias envolvendo tarefas em que, com base em critérios, se oriente o aluno para:

Questionar de forma organizada e sustentada o trabalho efetuado por si e pelos outros;

Autoavaliar as aprendizagens adquiridas, os seus comportamentos e atitudes;

Avaliar de forma construtiva as aprendizagens adquiridas, os comportamentos e atitudes dos outros;

Aceitar as críticas dos pares e dos professores, de forma construtiva, no sentido de melhorar o seu desempenho.

Promover estratégias que induzam o aluno a:

Colaborar com os pares e professores no sentido de melhorar ou aprofundar as suas ações;

Apoiar o trabalho colaborativo;

Intervir de forma solidária;

Ser solidário nas tarefas de aprendizagem ou na sua organização;

Estar disponível para se autoaperfeiçoar.

Promover estratégias e modos de organização das tarefas que impliquem por parte do aluno:

Assumir responsabilidades nas tarefas, atitudes e comportamentos;

Assumir e cumprir compromissos;

Apresentar trabalhos com auto e heteroavaliação;

Dar conta a outros do cumprimento de tarefas e funções que assumiu.

Descritores do Perfil dos alunos

Indagador/ Investigador/ Conhecedor/ sabedor/ culto/ informado/autónomo (A, B, C, D, H, I)

Criativo (A, B, C, D, F, I)

Crítico/Analítico (A, B, C, D, F, I, H)

Respeitador da diferença/ do outro (A, B, C,D, E, F, I)

Sistematizador/ organizador (A, B, C, D, F)

Questionador (A, B, C, D, E, F, I)

Comunicador (A, B, C, D, E, F, I, J)

Autoavaliador e heteroavaliador (transversal às áreas)

Participativo/ colaborador/ cuidador de si e do outro (transversal às áreas)

Responsável/ autónomo (A, B, C, D, E, F, H, I) 

Organizador
DO ANTIGO REGIME À AFIRMAÇÃO DO LIBERALISMO
Conhecimentos, Capacidades e Atitudes

A crítica da monarquia absoluta e as origens da ideologia liberal

Analisar a articulação entre o estado absoluto e a sociedade de ordens.

Reconhecer que o poder social da burguesia em finais do século XVIII resultou de dinamismos mercantis e da aliança com a coroa, num quadro de fortalecimento do poder régio;

Examinar o fenómeno revolucionário oitocentista, enquanto afirmação da supremacia do princípio da soberania nacional sobre o da legitimidade dinástica;

Identificar/aplicar os conceitos: Antigo Regime; monarquia absoluta; parlamento; ordem/estado; sociedade de corte; iluminismo; contrato social; nacionalismo.

A implantação do liberalismo em Portugal

Analisar a interação dos fatores que convergiram no processo revolucionário português;

Enquadrar as resistências à implantação do liberalismo na sociedade portuguesa;

Relacionar a desarticulação do sistema colonial luso-brasileiro e a questão financeira com a transformação do regime;

Validar a importância da legislação de Mouzinho da Silveira para o novo ordenamento político, social e económico;

Identificar/aplicar os conceitos: monarquia constitucional; carta constitucional; vintismo; cartismo; setembrismo; cabralismo; Estado laico; sufrágio censitário; liberalismo económico; época contemporânea. 

Organizador
CIVILIZAÇÃO INDUSTRIAL – ECONOMIA E SOCIEDADE; NACIONALISMOS E CHOQUES IMPERIALISTAS
Conhecimentos, Capacidades e Atitudes

As transformações económicas na Europa e no Mundo

Compreender que a expansão industrial se relacionou com o carácter cumulativo dos progressos técnicos e energéticos e com a racionalização do trabalho;

Problematizar os desfasamentos cronológicos da industrialização e as relações de domínio ou de dependência de diferentes áreas geográficas;

Reconhecer as características das crises do capitalismo liberal, nomeadamente o seu carácter cíclico;

Identificar/aplicar os conceitos: progressos cumulativos; capitalismo rural; cartel; trust; holding; taylorismo; estandardização; livre cambismo; explosão demográfica.

A afirmação da sociedade industrial e urbana

Analisar o papel dominante da burguesia na expansão da indústria, do comércio e da banca;

Inferir que o movimento operário decorreu dos problemas sociais surgidos com o capitalismo industrial;

Comparar as alterações verificadas na estrutura profissional resultantes da industrialização do século XIX com as alterações verificadas na estrutura profissional resultantes da implantação da economia digital;

Identificar/aplicar os conceitos: profissões liberais; consciência de classe; sociedade de classes; proletariado; movimento operário; socialismo; marxismo; demoliberalismo; imperialismo; colonialismo; nacionalismo.

O caso português

Integrar o processo de industrialização portuguesa no contexto geral, identificando os seus limites;

Analisar a coexistência, no espaço português, e à semelhança do que se verificava noutros espaços em industrialização, de fatores de mudança e de resistência à mudança;

Contrapor o livre-cambismo ao protecionismo, enquanto políticas económicas que marcaram a Regeneração (1850- 80);

Caraterizar o período de 1880 a 1914 como de depressão e expansão – crise financeira e surto industrial;

Relacionar o esgotamento do liberalismo monárquico com o fortalecimento do liberalismo republicano;

Identificar/aplicar os conceitos: Regeneração.