A aprendizagem das línguas estrangeiras contribui de modo decisivo para a formação e o desenvolvimento pessoal, social, académico e profissional dos jovens e adultos do século XXI, no contexto de um mundo globalizado. Ser plurilingue torna-se essencial para garantir o exercício de uma cidadania informada e ativa e significa possuir competências recetivas, produtivas e de interação em várias línguas, com níveis de desempenho diferenciados.
A aprendizagem de uma língua estrangeira concorre para a construção das competências-chave do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, uma vez que os alunos:
- desenvolvem literacias que lhes permitem analisar e questionar criticamente a realidade, avaliando e selecionando informação, formulando hipóteses e tomando decisões fundamentadas no seu dia a dia;
- se tornam mais conscientes de si próprios e do mundo que os rodeia, pelo confronto com as realidades culturais das línguas estrangeiras, demonstrando responsabilidade, confiança e respeito pela diversidade cultural num mundo global em incessante transformação e na luta contra as diferentes formas de discriminação e exclusão social;
- alargam o seu conhecimento nas áreas artística, humanística e científica, permitindo uma intervenção mais informada na defesa dos princípios, direitos, garantias e liberdades das sociedades democráticas e da sustentabilidade de Portugal e do mundo;
- experienciam ainda situações dentro e fora da sala de aula que estimulam competências cognitivas, tais como o raciocínio lógico, o pensamento crítico e a criatividade, assim como competências de trabalho colaborativo e estratégias para continuar a aprendizagem ao longo da vida.
A definição das Aprendizagens Essenciais (AE) para as línguas estrangeiras apoiou-se nas escalas de competências do Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (2001), nos programas em vigor e nas metas curriculares existentes. Atendendo às caraterísticas próprias das competências de produção e de receção e às singularidades desta língua estrangeira, considerámos conveniente subdividir os níveis comuns de referência em vários subníveis (por ex.: A1.1, A2.2), seguindo indicações do Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (pp.60-61), para facilitar a adaptação aos programas e contextos de aprendizagem.
A gestão do referencial AE apela à autonomia do professor, dado que uma das suas principais caraterísticas é a flexibilidade. Nesse sentido, a ordem sugerida nas “Áreas temáticas/situacionais” e nos domínios (de competência) poderá ser alterada de acordo com fatores que se considerem fundamentais no âmbito da prática pedagógica.
A matriz das AE apresenta descritores de desempenho que integram conhecimentos funcionais, discursivos, linguísticos, socioculturais e processuais e organiza-se em três domínios: a competência comunicativa, a competência intercultural e a competência estratégica.
- A competência comunicativa inclui descritores para tarefas de compreensão, interação e produção, orais e escritas, com recurso a vários meios e suportes.
- A competência intercultural apresenta descritores que visam a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades e atitudes que conduzam o aluno a um maior autoconhecimento e, simultaneamente, a uma maior abertura a novas experiências culturais globais, proporcionando, assim, a aquisição de uma consciência intercultural.
- A competência estratégica visa processos, verbais e não-verbais, que contribuem para o desenvolvimento de capacidades na gestão do processo de aprendizagem e de comunicação: a motivação, a consciência dos progressos e carências na aprendizagem e a superação de dificuldades, a aquisição de hábitos de trabalho autónomo e a participação responsável em projetos colaborativos.
Estas competências favorecem a interdisciplinaridade, visto que constituem um meio de acesso privilegiado aos conteúdos programáticos e a tarefas de outras disciplinas do currículo. A aprendizagem das línguas estrangeiras assume assim um papel dinâmico e ativo na realização de projetos interdisciplinares, no âmbito de iniciativas de escola ou de programas internacionais, tirando proveito da transversalidade dos conhecimentos e utilizando tecnologias e formatos diversos na organização, criação, divulgação e partilha de ideias, produtos e experiências.
Em suma, as AE das línguas estrangeiras visam desenvolver competências complexas na interação com as outras disciplinas do currículo, experiências e vivências em contexto educativo, assumindo as orientações do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória e contribuindo para a sua formação global enquanto cidadãos do século XXI.
FORMAÇÃO ESPECÍFICA - CONTINUAÇÃO
De acordo com o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (2001), o conjunto de níveis e escalas de proficiência em língua não são uma medida linear semelhante a uma régua (QECR, p.40), e a aprendizagem de uma língua constitui tanto uma progressão horizontal como vertical, “uma vez que os aprendentes vão adquirindo proficiência para participarem numa gama progressivamente maior de actividades comunicativas” (QECR, p.40).
Ao longo do processo de aprendizagem é necessário consolidar e aprofundar as aquisições, o que implica o alargamento da gama de actividades, capacidades e língua envolvida (QECR, p.41). Nesse sentido, as componentes de Formação Geral e Formação Específica apresentam o mesmo nível do QECR. O maior número de horas da componente Formação Específica deve traduzir-se num trabalho de aprofundamento e consolidação das aquisições, no alargamento e treino das várias competências e ainda no envolvimento mais aprofundado em projetos disciplinares e interdisciplinares.
O contexto curricular e a falta de proximidade linguística com a língua materna justificam a seleção dos seguintes níveis do QECR para as aprendizagens essenciais:
Ensino Secundário | 10.º ano | 11.º ano | 12.º ano | |
Continuação | Formação Geral | A2.2 | B1.1 | Opcional |
Formação Específica | A2.2 | B1.1 | B1.2 |
No final do 11.º ano, ao atingir o nível B1.1, o aluno deve ser capaz de compreender e produzir enunciados diversos, simples e coerentes, sobre assuntos que lhe são familiares ou de interesse pessoal; deve comunicar de forma simples, adequada e flexível, num leque variado de contextos. (Adaptado de QECR, Escala Global, Nível B1: Utilizador independente; Conselho da Europa, 2001).
A competência comunicativa abrange a compreensão, a interação e a produção orais e escritas, articulando-se com a competência intercultural, essencial para a construção de uma identidade como cidadão global e para a promoção de valores, e com a competência estratégica, fundamental para a gestão do processo de aprendizagem e a comunicação em língua estrangeira. O percurso de formação assim definido reforça várias Áreas de Competências do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória nos domínios científico, humanístico, tecnológico e cultural e favorece a implementação de projetos interdisciplinares, articulando a aprendizagem do Alemão com outras disciplinas do currículo.
- Identificação e informações pessoais
- Situações do quotidiano (opções e estilos de vida, lazer, mundo do trabalho, etc.)
- Relações interpessoais (amizade e amor, conflitos, projectos e iniciativas comuns, etc.)
- Meio envolvente (comunidade local e internacional, cidadania, vivências interculturais, meio ambiente, etc.)
- A atualidade / O mundo global / O mundo virtual
- Portugal e os países de expressão alemã (particularidades geográficas, históricas, políticas e culturais; tradições; comportamentos sociais e linguísticos, etc.)
Compreensão oral e audiovisual
Identificar as ideias principais e aspetos socioculturais em textos de géneros e suportes diversos*, constituídos, essencialmente, por vocabulário frequente, articulados de forma clara.
* Anúncios, publicidade, filmes, canções, clips, podcasts, mensagens telefónicas, noticiários, reportagens, entre outros.
Compreensão escrita
Compreender textos, de géneros e suportes diversos*, com ideias claras e vocabulário frequente.
Selecionar informação pertinente em textos descritivos, narrativos, explicativos e argumentativos. Identificar o sentido global e selecionar informação relevante em textos literários.
* Correspondência, catálogos, artigos de imprensa, publicidade, textos literários, entre outros.
Interação oral
Interagir*, com alguma fluência, em conversas estruturadas, em diferentes contextos, respeitando as convenções sociolinguísticas e reagindo, de forma pertinente, ao discurso do interlocutor:
- utiliza vocabulário frequente e estruturas frásicas diversas;
- mobiliza recursos gramaticais adequados para ligar, clarificar e reformular as ideias;
- pronuncia geralmente de forma clara, com ritmo e entoação apropriados.
*Troca ideias, informações e opiniões sobre pessoas, experiências e temas da atualidade; relata factos, planos e projetos; formula queixas; argumenta, entre outros.
Interação escrita
Escrever mensagens*, em suportes diversos (70-100 palavras), exprimindo-se com clareza e respeitando as convenções textuais e sociolinguísticas:
- preenche formulários e escreve notas / mensagens / correspondência;
- utiliza vocabulário frequente;
- mobiliza estruturas gramaticais adequadas para construir textos coerentes.
* Descreve, narra e expõe informações; dá notícias, descreve situações e sentimentos; exprime opiniões sobre assuntos abstratos, culturais e temas da atualidade, entre outros.
Produção oral
Exprimir-se, com alguma fluência, em monólogos preparados previamente*:
- utiliza vocabulário frequente e estruturas frásicas diversas;
- mobiliza recursos gramaticais adequados para construir uma sequência linear de informações;
- pronuncia de forma clara, com ritmo e entoação apropriados.
* Descreve situações; narra acontecimentos; expõe informações, opiniões e argumentos; exprime opiniões, gostos e preferências, entre outros.
Produção escrita
Redigir textos* (70-100 palavras) em suportes diversos, respeitando as convenções textuais:
- utiliza vocabulário frequente;
- usa recursos gramaticais adequados para construir textos coerentes e coesos (conectores, marcadores e tempos verbais, entre outros).
* Descreve situações; narra acontecimentos; expõe informações, opiniões e argumentos sobre assuntos abstratos, culturais e temas da atualidade, entre outros.
- Identificação de produtos linguísticos, reconhecendo as diversas linguagens utilizadas e os respetivos significados;
- Seleção, associação, organização e análise de informação explícita e implícita;
- Formulação de hipóteses face a uma situação de comunicação e verificação;
- Compreensão e interpretação do sentido;
- Transposição de informação em ações ou em modalidades diversas;
- Tarefas de memorização, verificação, consolidação e síntese, associadas a compreensão e uso de saber, e mobilização do memorizado;
- Consolidação e aprofundamento de informação;
- Planeamento e condução de pesquisas (elaboração de planos e esboços);
- Análise de factos e situações, identificando os seus elementos, numa perpetiva disciplinar e interdisciplinar;
- Identificação de diferentes situações de comunicação;
- Mobilização de diferentes tipos de linguagem para significar e comunicar, em diferentes contextos;
- Mobilização de recursos e conhecimentos variados;
- Interação com os outros em diferentes contextos sociais e emocionais, adequando o discurso às situações de comunicação;
- Reformulação do discurso;
- Tomada de decisões em situações de comunicação;
- Transferência da informação em conhecimento;
- Criação de produtos linguísticos variados, integrados em projetos disciplinares e interdisciplinares;
- Pesquisa sustentada por critérios, com autonomia progressiva e aprofundamento de informações;
- Planificação e elaboração de planos e esquemas;
- Trabalho em equipa e uso de diferentes meios para comunicar presencialmente e em rede;
- Autoavaliação e autocorreção.
A, B, C, D, E, F, I
A, B, D, E, F, G, I
Interpretar factos, atitudes, comportamentos e valores culturais, mobilizando conhecimentos de natureza diversa, desenvolvendo respeito e tolerância e demonstrando abertura e disponibilidade para a mudança.
Desenvolver uma cidadania efetiva, responsável, autónoma e criativa com uma abertura progressiva do “eu” para o(s) Outro(s) e para um mundo global; envolver-se ativamente na comunidade e no mundo intercultural, nomeadamente através da participação em projetos e/ou intercâmbios, desenvolvendo o aluno-cidadão.
- Análise e questionamento de representações e estereótipos;
- Caracterização e explicação de diferenças culturais.
A, B, C, D, E, F, G, H, I
Verificar a eficiência das estratégias adotadas na planificação e realização de atividades de aprendizagem, recorrendo à comparação com a língua materna e outras línguas e à dedução de regras de funcionamento e uso da língua. Desenvolver uma atitude reflexiva e crítica.
Selecionar estratégias para retirar a informação essencial em função de dificuldades nas tarefas de leitura, audição e visionamento de documentos. Transferir conhecimentos adquiridos para novos contextos de comunicação oral e escrita.
- Utilização de estratégias adequadas para a realização de tarefas individuais ou coletivas;
- Mobilização de conhecimentos linguísticos para corrigir e explicar erros recorrentes em trabalho individual ou coletivo;
- Organização e realização autónoma de tarefas;
- Trabalho em equipa e uso de diferentes meios para comunicar presencialmente e em rede;
- Gestão eficaz dos tempos e recursos de aprendizagem.
C, D, E, F, I