História

História
8.º Ano
3.º Ciclo
Ensino Básico
Introdução

As Aprendizagens Essenciais (AE) de História identificam os conhecimentos, as capacidades e as atitudes que se pretendem atingir com a aprendizagem da História no 3.o ciclo e constituem-se como o documento curricular base para a planificação, realização e avaliação do ensino e da aprendizagem, contribuindo para a consecução do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (PA). Identificando as AE permite-se o aprofundamento de temas, as explorações interdisciplinares e a mobilização de componentes locais do currículo.

As AE foram elaboradas tendo como referência uma escolaridade obrigatória de 12 anos, com a preocupação de dar aos alunos instrumentos para o prosseguimento de estudos, mas pensando igualmente que, para muitos, o 9.o ano representa o fim do contacto com a disciplina de História.

No 3.o ciclo a História torna-se uma disciplina autónoma, uma vez que no 1.o ciclo está integrada no Estudo do Meio e no 2.o ciclo se trata a História e Geografia de Portugal, o que permite aprofundar a utilização das metodologias específicas desta área do saber e, optando por uma abordagem cronológica, dar aos alunos uma consciência de outras realidades espácio-temporais, relacionando a história de Portugal com a história da Europa e do Mundo.

No que respeita ao 8.o ano de escolaridade, as AE definidas incidem no estudo de etapas fundamentais do desenvolvimento da humanidade, desde a expansão e mudança verificadas nos séculos XV e XVI até ao aparecimento e desenvolvimento da civilização industrial no século XIX.

Pretende-se que o aluno adquira uma consciência histórica que lhe permita assumir uma posição crítica e participativa na sociedade, reconhecendo a utilidade da História para compreender de forma integrada o mundo em que vive e para a construção da sua identidade individual e coletiva. A História, através da análise fundamentada e crítica de exemplos do passado, é uma disciplina fundamental para promover a cultura de autonomia e responsabilidade, referida no documento PA.

Para além das AE identificadas para cada tema do Programa, ao longo do 3o ciclo o aluno deve desenvolver um conjunto de competências específicas da disciplina de História e transversais a vários temas e anos de escolaridade:

  • Consolidar a aquisição e utilizar referentes de tempo e de unidades de tempo histórico: antes de, depois de, milénio, século, ano, era; (A; B; C; I) 
  • Localizar em representações cartográficas, de diversos tipos, locais e eventos históricos; (A; B; C; I)
  • Compreender a necessidade das fontes históricas para a produção do conhecimento histórico; (A; B; C; D; F; I)
  • Utilizar adequadamente fontes históricas de tipologia diversa, recolhendo e tratando a informação para a abordagem da realidade social numa perspetiva crítica; (A; B C; D; F; H; I)
  • Relacionar formas de organização do espaço com os elementos naturais e humanos aí existentes em diferentes épocas históricas, ressaltando aspetos diferentes e aspetos que permanecem; (A; B; C D; F; G; I; J)
  • Reforçar a utilização de conceitos operatórios e metodológicos da disciplina de História; (C; D; F; I)
  • Compreender a existência de continuidades e de ruturas no processo histórico, estabelecendo relações de causalidade e de consequência; (A; B; C; D; F; G; I)
  • Reconhecer a importância dos valores de cidadania para a formação de uma consciência cívica e de uma intervenção responsável na sociedade democrática; (A; B; C; D; E; F; G; I)
  • Promover uma abordagem da História baseada em critérios éticos e estéticos; (A; B; C; D; E; F; G; H; I; J)
  • Relacionar, sempre que possível, as aprendizagens com a História regional e local, valorizando o património histórico e cultural existente na região/local onde habita/estuda; (A; B; C; D; E; F; G; H; I)
  • Promover o respeito pela diferença, reconhecendo e valorizando a diversidade étnica, ideológica, cultural e sexual; (A; B; C; D; E; F; G; H; I)
  • Valorizar a dignidade humana e os direitos humanos, promovendo a diversidade, as interações entre diferentes culturas, a justiça, a igualdade e equidade no cumprimento das leis; (A; B; C; D; E; F; G; H; I)
  • Respeitar a biodiversidade, valorizando a importância da riqueza das espécies vegetais e animais para o desenvolvimento das comunidades humanas. (A; B; D; F; G)


Os documentos de referência considerados para a elaboração das AE foram o Programa e as Metas Curriculares que se mantêm em vigor.

Áreas de Competências do perfil dos Alunos (ACPA)
Linguagens e Textos
Informação e comunicação
Raciocínio e resolução de problemas
Pensamento crítico e pensamento criativo
Relacionamento interpessoal
Desenvolvimento pessoal e autonomia
Bem-estar, saúde e ambiente
Sensibilidade estética e artística
Saber científico, técnico e tecnológico
Consciência e domínio do corpo
Operacionalização das Aprendizagens Essenciais (AE)
Organizador
EXPANSÃO E MUDANÇA NOS SÉCULOS XV E XVI
Conhecimentos, Capacidades e Atitudes

A abertura ao mundo

Referir as principais condições e motivações da expansão portuguesa;

Demonstrar a importância que o poder régio e os diversos grupos sociais tiveram no arranque da expansão portuguesa;

Reconhecer rumos e etapas principais da expansão henriquina;

Relacionar a política expansionista de D. João II e a assinatura do Tratado de Tordesilhas com a estratégia ibérica de partilha de espaços coloniais;

Identificar as principais características da conquista e da ocupação espanholas na América Central e do Sul;

Caracterizar sumariamente as principais civilizações de África, América e Ásia à chegada dos europeus;

Distinguir formas de ocupação e de exploração económicas implementadas por Portugal em África, Índia e Brasil, considerando as especificidades de cada uma dessas regiões;

Reconhecer a submissão violenta de diversos povos e o tráfico de seres humanos como uma realidade da expansão;

Identificar as rotas intercontinentais, destacando os principais centros distribuidores de produtos ultramarinos;

Compreender que as novas rotas de comércio intercontinental constituíram a base do poder global naval português, promovendo a circulação de pessoas e produtos e influenciando os hábitos culturais;

Identificar/aplicar os conceitos: Navegação astronómica;

Colonização; Capitão-donatário; Império colonial; Mare clausum; Monopólio comercial; Feitoria; Tráfico de escravos; Aculturação/ Encontro de culturas; Missionação; Globalização.

Renascimento e Reforma

Relacionar a renovação cultural dos séculos XV e XVI com o apoio mecenático;

Compreender o desenvolvimento de novos valores e atitudes e o papel da imprensa na sua disseminação;

Compreender a inspiração clássica da arte renascentista e as especificidades do manuelino;

Compreender em que condições se desenvolveu, na Cristandade ocidental, um movimento de insatisfação e de crítica que culminou numa rutura religiosa;

Conhecer alguns dos princípios ideológicos que separam o protestantismo do catolicismo;

Reconhecer que tanto a reforma protestante como a católica foram acompanhadas de manifestações de intolerância, destacando o caso da Península Ibérica; Identificar/aplicar os conceitos: Humanismo;

Renascimento; Mecenato; Geocentrismo/Heliocentrismo; Teocentrismo/Antropocentrismo; Arte renascentista; Manuelino; Naturalismo; Reforma Protestante/ Contrarreforma; Dogma; Individualismo; Cristão-novo. 

Ações estratégicas de ensino orientadas para o perfil dos alunos

Promover estratégias que envolvam aquisição de conhecimento, informação e outros saberes, relativos aos conteúdos das AE, que impliquem:

  • desenvolver a memorização, associando-a à compreensão, de forma a conseguir mobilizar o memorizado;
  • mobilizar o conhecimento adquirido aplicando-o em diferentes contextos históricos, de forma autónoma;
  • estabelecer relações intra e interdisciplinares;
  • formular algumas hipóteses sustentadas em evidências, face a um acontecimento ou processo histórico, de forma supervisionada mas progressivamente autónoma;
  • utiliza os conceitos operatórios da História para a compreensão dos diferentes contextos;
  • utiliza a metodologia específica da História para a análise de acontecimentos e processos;
  • valorizar o património histórico material e imaterial, regional e nacional;
  • valorizar o património histórico material e imaterial europeu, numa perspetiva de desenvolvimento da cidadania europeia.

Promover estratégias que envolvam a criatividade dos alunos:

  • propor alternativas de interpretação a um acontecimento, evento ou processo de forma progressivamente autónoma;
  • promover a multiperspetiva em História, de forma supervisionada mas progressivamente autónoma;
  • usar meios diversos para expressar as aprendizagens;
  • criar soluções estéticas progressivamente criativas e pessoais.

Promover estratégias que desenvolvam o pensamento crítico e analítico dos alunos, incidindo em:

  • analisar factos e situações, aprendendo a selecionar elementos ou dados históricos relevantes para o assunto em estudo;
  • mobilizar o discurso argumentativo de forma progressivamente autónoma;
  • organizar debates orientados que requeiram sustentação de afirmações, elaboração de opiniões ou análises de factos ou dados históricos;
  • discutir conceitos ou factos numa perspetiva disciplinar e interdisciplinar, incluindo conhecimento disciplinar histórico, de forma progressivamente autónoma;
  • analisar fontes históricas escritas com diferentes pontos de vista, problematizando-os.

Promover estratégias que envolvam por parte do aluno:

  • selecionar fontes históricas fidedignas e de diversos tipos, de forma autónoma;
  • recolher e selecionar dados de fontes históricas relevantes para a análise de assuntos em estudo, aprendendo a pesquisar de forma autónoma;
  • problematizar, progressivamente os conhecimentos adquiridos.

Promover estratégias que requeiram/induzam por parte do aluno:

  • aceitar e/ou argumentar diversos pontos de vista;
  • saber interagir com os outros no respeito pela diferença e pela diversidade;
  • confrontar ideias e perspetivas históricas distintas, respeitando as diferenças de opinião.

Promover estratégias que envolvam por parte do aluno:

  • planificar, sintetizar, rever e monitorizar;
  • registar seletivamente a informação recolhida em fontes históricas;
  • organizar a informação recolhida em fontes históricas de diversos tipos;
  • elaborar pequenas sínteses com base em dados recolhidos em fontes históricas analisadas;
  • elaborar relatórios obedecendo a critérios e objetivos específicos;
  • elaborar planos específicos e esquemas;
  • sistematizar, de forma progressivamente autónoma e seguindo tipologias específicas, acontecimentos e/ou processos históricos;
  • organizar de forma sistematizada o estudo autónomo.

Promover estratégias que impliquem por parte do aluno:

  • colocar questões-chave cuja resposta abranja um acontecimento ou processo histórico específico;
  • questionar os seus conhecimentos prévios, vericando que a aprendizagem é um processo em constante remodelação.

Promover estratégias que impliquem por parte do aluno:

  • organizar o discurso oral ou escrito recorrendo a conceitos operatórios da História;
  • organizar o discurso oral ou escrito recorrendo a conceitos metodológicos da História;
  • comunicar uni, bi e multidirecionalmente;
  • responder, apresentar dados/informação, mostrar iniciativa;
  • usar meios diversos para expressar as aprendizagens.

Promover estratégias envolvendo tarefas em que, com base em critérios, se oriente o aluno para:

  • questionar de forma organizada e sustentada o trabalho efetuado por si e pelos outros;
  • autoavaliar as aprendizagens adquiridas, os seus comportamentos e atitudes;
  • avaliar de forma construtiva as aprendizagens adquiridas, os comportamentos e atitudes dos outros;
  • aceitar as críticas dos pares e dos professores de forma construtiva, no sentido de melhorar o seu desempenho.

Promover estratégias que criem oportunidades para o aluno:

  • colaborar com os pares e professores, no sentido de melhorar ou aprofundar as suas ações;
  • apoiar o trabalho colaborativo;
  • saber intervir de forma solidária;
  • ser solidário nas tarefas de aprendizagem ou na sua organização;
  • estar disponível para se autoaperfeiçoar.

Promover estratégias e modos de organização das tarefas que impliquem por parte do aluno:

  • assumir responsabilidades nas tarefas, atitudes e comportamentos;
  • assumir e cumprir compromissos;
  • apresentar trabalhos com auto e heteroavaliação;
  • dar conta a outros do cumprimento de tarefas e funções que assumiu.

Promover estratégias que induzam:

  • valorizar a sensibilidade estética e a consciência ética, por forma a estabelecer consigo próprio e com os outros uma relação harmoniosa e salutar.
Descritores do Perfil dos alunos

Conhecedor/ sabedor/ culto/ informado (A, B, G, I, J)

Criativo (A, C, D, J)

Crítico/Analítico (A, B, C, D, G)

Indagador/ Investigador (C, D, F, H, I)

Respeitador da diferença/ do outro (A, B, E, F, H)

Sistematizador/ organizador (A, B, C, I, J)

Questionador (A, F, G, I, J)

Comunicador (A, B, D, E, H)

Autoavaliador (transversal às áreas)

Participativo/ colaborador (B, C, D, E, F)

Responsável/ autónomo (C, D, E, F, G, I, J)

Cuidador de si e do outro (B, E, F, G)

Organizador
PORTUGAL NO CONTEXTO EUROPEU DOS SÉCULOS XVII E XVIII
Conhecimentos, Capacidades e Atitudes

O império português e a concorrência internacional Identificar fatores e manifestações de crise no império português a partir de meados do século XVI, destacando a ascensão de outros impérios coloniais (Holanda, França, Inglaterra);

Concluir que a União Ibérica resultou da confluência de interesses dos grupos dominantes nos dois estados;

Compreender que a Restauração resultou da divergência de interesses de uma parte significativa da sociedade portuguesa relativamente às políticas imperiais espanholas;

Identificar/aplicar os conceitos: Mare Liberum; Capitalismo comercial; Bolsa de Valores; Companhia de comércio; Comércio triangular; Restauração.

O Antigo Regime no século XVIII

Relacionar o absolutismo com a manutenção da sociedade de ordens e com as opções mercantilistas;

Diferenciar os ritmos de evolução da agricultura dos ritmos do dinamismo comercial no quadro de uma economia pré- industrial;

Referir elementos de mudanças políticas, sociais e económicas no projeto pombalino;

Identificar/aplicar os conceitos: Antigo Regime; Sociedade de Ordens; Absolutismo; Mercantilismo; Manufatura.

A cultura em Portugal no contexto europeu

Caracterizar a arte e a mentalidade barrocas;

Concluir que os avanços verificados na ciência e na técnica se relacionaram com o desenvolvimento do método científico;

Enquadrar as novas propostas sociais e políticas na filosofia das Luzes;

Destacar a afirmação do poder absoluto no urbanismo pombalino;

Compreender a ação dos estrangeirados e do Marquês de Pombal no contexto do pensamento iluminista;

Identificar/aplicar os conceitos: Barroco; Revolução científica; Racionalismo; Iluminismo; Estrangeirado; Separação de poderes; Soberania popular; Direitos Humanos.

Organizador
CRESCIMENTO E RUTURAS NO MUNDO OCIDENTAL NOS SÉCULOS XVIII E XIX
Conhecimentos, Capacidades e Atitudes

A revolução agrícola e o arranque da revolução industrial

Sublinhar a ligação existente entre as novas tendências demográficas, a transformação da estrutura da propriedade agrícola e as inovações técnicas;

Analisar as condições que favoreceram o arranque da Revolução industrial e as alterações verificadas no regime de produção;

Identificar/aplicar os conceitos: Revolução agrícola; Enclosure; Explosão demográfica; Êxodo rural; Revolução industrial; Maquinofatura.

O triunfo das revoluções liberais

Compreender as razões que justificaram o primeiro processo de independência por parte de um território colonial europeu (EUA);

Destacar no processo revolucionário francês a abolição dos direitos e privilégios feudais e o estabelecimento do conceito de cidadania moderno, estabelecendo-se, teoricamente, o princípio da igualdade perante a lei;

Compreender a importância das conquistas da revolução francesa para o liberalismo, estabelecendo ligações com o caso português;

Interpretar a revolução liberal portuguesa, identificando causas e as diversas propostas políticas expressas na

Constituição de 1822, na Carta Constitucional de 1826 e na resistência absolutista;

Contextualizar a independência do Brasil no processo revolucionário liberal português;

Reconhecer que o fim do Antigo Regime e o estabelecimento de uma nova ordem liberal e burguesa em Portugal resultou numa guerra civil;

Identificar/aplicar os conceitos: Liberalismo; Constituição; Cidadania; Carta Constitucional; Sufrágio censitário / sufrágio universal; Monarquia constitucional/Estado federal/República.

Organizador
O MUNDO INDUSTRIALIZADO NO SÉCULO XIX
Conhecimentos, Capacidades e Atitudes

Transformações económicas, sociais e culturais

Identificar as principais potências industrializadas no século XIX, ressaltando a importância da revolução dos transportes para a mundialização da economia; Selecionar as alterações que se operaram a nível económico, social e demográfico devido ao desenvolvimento dos meios de produção;

Relacionar as condições de vida e trabalho do operariado com o aparecimento dos movimentos reivindicativos e da ideologia socialista;

Relacionar o aparecimento das novas correntes culturais e artísticas com as transformações da revolução industrial e a confiança no conhecimento científico;

Identificar/aplicar os conceitos: Capitalismo industrial e financeiro; Liberalismo económico; Mercado nacional; Classes médias; Proletariado; Marxismo; Socialismo; Comunismo; Sindicalismo;Romantismo; Realismo; Impressionismo.

O caso português

Analisar a política económica regeneradora, nomeadamente o investimento efetuado nas infraestruturas de transporte, que moldaram o desenvolvimento da agricultura e a industrialização;

Relacionar a emigração com as dificuldades sentidas pelos pequenos produtores rurais na segunda metade do século XIX;

Integrar a emigração portuguesa da segunda metade do século XIX no contexto das migrações europeias do período.

Justificar o aparecimento e desenvolvimento do operariado português;

Identificar/aplicar o conceito: Regeneração.