As Aprendizagens Essenciais (AE) de História identificam os conhecimentos, as capacidades e as atitudes que se pretendem atingir com a aprendizagem da História no 3.º ciclo e constituem-se como o documento curricular base para a planificação, realização e avaliação do ensino e da aprendizagem, contribuindo para a consecução do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (PA). Identificando as AE, permite-se o aprofundamento de temas, as explorações interdisciplinares e a mobilização de componentes locais do currículo.
As AE foram elaboradas tendo por referência uma escolaridade obrigatória de 12 anos, com a preocupação de dar aos alunos instrumentos para o prosseguimento de estudos, mas pensando igualmente que, para muitos, o 9.º ano representa o fim do contacto com a disciplina de História.
No 3.º ciclo a História torna-se uma disciplina autónoma, uma vez que no 1.º ciclo está integrada no Estudo do Meio e no 2.º ciclo se trata a História e Geografia de Portugal, o que permite aprofundar a utilização das metodologias específicas desta área do saber e, optando por uma abordagem cronológica, dar aos alunos uma consciência de outras realidades espácio temporais, relacionando a história de Portugal com a história da Europa e do Mundo.
No que respeita ao 7.º ano de escolaridade, as AE definidas incidem no estudo de etapas fundamentais do desenvolvimento da humanidade, desde as sociedades recoletoras até à formação da comunidade nacional, no contexto europeu dos séculos XII a XIV.
Pretende-se que o aluno adquira uma consciência histórica que lhe permita assumir uma posição crítica e participativa na sociedade, reconhecendo a utilidade da História para compreender de forma integrada o mundo em que vive e para a construção da sua identidade individual e coletiva. A História, através da análise fundamentada e crítica de exemplos do passado, é uma disciplina fundamental para promover a cultura de autonomia e responsabilidade, referida no documento PA.
Para além das AE identificadas para cada tema do Programa, ao longo do 3.º ciclo o aluno deve desenvolver um conjunto de competências específicas da disciplina de História e transversais a vários temas e anos de escolaridade:
- Consolidar a aquisição e utilizar referentes de tempo e de unidades de tempo histórico: antes de, depois de, milénio, século, ano, era; (A; B; C; I)
- Localizar em representações cartográficas, de diversos tipos, locais e eventos históricos; (A; B; C; I)
- Compreender a necessidade das fontes históricas para a produção do conhecimento histórico; (A; B; C; D; F; I)
- Utilizar adequadamente fontes históricas de tipologia diversa, recolhendo e tratando a informação para a abordagem da realidade social numa perspetiva crítica; (A; B C; D; F; H; I)
- Relacionar formas de organização do espaço com os elementos naturais e humanos aí existentes em diferentes épocas históricas, ressaltando aspetos diferentes e aspetos que permanecem; (A; B; C D; F; G; I; J)
- Reforçar a utilização de conceitos operatórios e metodológicos da disciplina de História; (C; D; F; I)
- Compreender a existência de continuidades e de ruturas no processo histórico, estabelecendo relações de causalidade e de consequência; (A; B; C; D; F; G; I)
- Reconhecer a importância dos valores de cidadania para a formação de uma consciência cívica e de uma intervenção responsável na sociedade democrática; (A; B; C; D; E; F; G; I)
- Promover uma abordagem da História baseada em critérios éticos e estéticos; (A; B; C; D; E; F; G; H; I; J)
- Relacionar, sempre que possível, as aprendizagens com a História regional e local, valorizando o património histórico e cultural existente na região/local onde habita/estuda; (A; B; C; D; E; F; G; H; I)
- Promover o respeito pela diferença, reconhecendo e valorizando a diversidade: étnica, ideológica, cultural, sexual; (A; B; C; D; E; F; G; H; I)
- Valorizar a dignidade humana e os direitos humanos, promovendo a diversidade, as interações entre diferentes culturas, a justiça, a igualdade e equidade no cumprimento das leis; (A; B; C; D; E; F; G; H; I)
- Respeitar a biodiversidade, valorizando a importância da riqueza das espécies vegetais e animais para o desenvolvimento das comunidades humanas. (A; B; D; F; G)
Os documentos de referência considerados para a elaboração das AE foram o Programa e as Metas Curriculares que se mantêm em vigor.
Das sociedades recoletoras às primeiras sociedades produtoras
Relembrar que o conhecimento histórico se constrói com informação fornecida por diversos tipos de fontes: materiais, escritas e orais;
Reconhecer no fabrico de instrumentos e no domínio sobre a natureza momentos cruciais para o desenvolvimento da Humanidade;
Compreender a existência de diferentes sentidos de evolução nas sociedades recoletoras/caçadoras e agropastoris, estabelecendo comparações com as sociedades atuais;
Relacionar ritos mágicos/funerários com manifestações artísticas;
Compreender como se deu a passagem de um modo de vida recoletor para um modo de vida produtor; Identificar/aplicar os conceitos: modo de vida recoletor; modo de vida produtor; nomadismo; sedentarização; megalitismo; arqueologia; Paleolítico; Neolítico; arte rupestre; ritos mágicos; milénio; fonte histórica; periodização.
Contributos das primeiras civilizações (a partir de exemplos de uma civilização dos Grandes Rios)
Relacionar a organização socioeconómica e política institucional das primeiras civilizações urbanas com os recursos existentes nos espaços em que se implantaram;
Destacar contributos dessas civilizações para a civilização ocidental, identificando a permanência de alguns deles na atualidade;
Diferenciar formas de escrita e suportes utilizados para gravar mensagens escritas, no passado e na atualidade;
Identificar/aplicar os conceitos: núcleo urbano; acumulação de excedentes; sociedade estratificada; poder sacralizado; politeísmo; monoteísmo; escravatura; escrita figurativa; escrita alfabética.
Promover estratégias que envolvam aquisição de conhecimento, informação e outros saberes, relativos aos conteúdos das AE, que impliquem:
- desenvolver a memorização, associando-a à compreensão, de forma a conseguir mobilizar o memorizado;
- mobilizar o conhecimento adquirido aplicando-o em diferentes contextos históricos, de forma supervisionada mas progressivamente autónoma;
- estabelecer relações intra e interdisciplinares;
- formular algumas hipóteses sustentadas em evidências, face a um acontecimento ou processo histórico, de forma supervisionada mas progressivamente autónoma;
- utilizar os conceitos operatórios da História para a compreensão dos diferentes contextos;
- utilizar a metodologia específica da História para a análise de acontecimentos e processos;
- valorizar o património histórico da região em que habita.
Promover estratégias que envolvam a criatividade dos alunos:
- propor alternativas de interpretação a um acontecimento, evento ou processo, de forma supervisionada mas progressivamente autónoma;
- promover a multiperspetiva em História, de forma supervisionada mas progressivamente autónoma;
- usar meios diversos para expressar as aprendizagens;
- criar soluções estéticas progressivamente criativas e pessoais.
Promover estratégias que desenvolvam o pensamento crítico e analítico dos alunos, incidindo em:
- analisar factos e situações, aprendendo a selecionar elementos ou dados históricos relevantes para o assunto em estudo;
- mobilizar o discurso argumentativo, de forma orientada mas progressivamente autónoma;
- organizar debates orientados que requeiram sustentação de afirmações, elaboração de opiniões ou análises de factos ou dadoshistóricos;
- discutir conceitos ou factos numa perspetiva disciplinar e interdisciplinar, incluindo conhecimento disciplinar histórico, de forma orientada mas progressivamente autónoma;
- analisar fontes históricas escritas com diferentes pontos de vista, problematizando-os, sob orientação.
Promover estratégias que envolvam por parte do aluno:
- selecionar fontes históricas fidedignas e de diversos tipos, de forma progressivamente autónoma;
- recolher e selecionar dados de fontes históricas relevantes para a análise de assuntos em estudo, aprendendo a pesquisar, de forma progressivamente autónoma;
- problematizar, progressivamente e com orientação, os conhecimentos adquiridos.
Promover estratégias que requeiram/induzam por parte do aluno:
- aceitar e/ou argumentar diversos pontos de vista;
- saber interagir com os outros no respeito pela diferença e pela diversidade;
- confrontar ideias e perspetivas históricas distintas, respeitando as diferenças de opinião.
Promover estratégias que envolvam por parte do aluno:
- planificar, sintetizar, rever e monitorizar;
- registar seletivamente, de forma supervisionada mas progressivamente autónoma, a informação recolhida em fontes históricas;
- organizar, com supervisão, mas de forma progressivamente sistematizada e autónoma, a informação recolhida em fontes históricas de diversos tipos;
- elaborar pequenas sínteses com base em dados recolhidos em fontes históricas analisadas;
- elaborar relatórios obedecendo a critérios e objetivos específicos;
- elaborar planos específicos e esquemas;
- sistematizar, de forma supervisionada mas progressivamente autónoma e seguindo tipologias específicas, acontecimentos e/ou processos históricos;
- organizar de forma sistematizada, com supervisão, o estudo autónomo.
Promover estratégias que impliquem por parte do aluno:
- colocar questões-chave cuja resposta abranja um acontecimento ou processo histórico específico;
- questionar os seus conhecimentos prévios, verificando que a aprendizagem é um processo em constante remodelação.
Promover estratégias que impliquem por parte do aluno:
- organizar o discurso oral ou escrito recorrendo a conceitos operatórios da História;
- organizar o discurso oral ou escrito recorrendo a conceitos metodológicos da História;
- comunicar uni, bi e multidirecionalmente;
- responder, apresentar dados/informação, mostrar iniciativa;
- usar meios diversos para expressar as aprendizagens.
Promover estratégias envolvendo tarefas em que, com base em critérios, se oriente o aluno para:
- questionar de forma organizada e sustentada o trabalho efetuado por si e pelos outros;
- autoavaliar as aprendizagens adquiridas, os seus comportamentos e atitudes;
- avaliar de forma construtiva as aprendizagens adquiridas, os comportamentos e atitudes dos outros;
- aceitar as críticas dos pares e dos professores de forma construtiva, no sentido de melhorar o seu desempenho.
Promover estratégias que criem oportunidades para o aluno:
- colaborar com os pares e professores, no sentido de melhorar ou aprofundar as suas ações;
- apoiar o trabalho colaborativo;
- saber intervir de forma solidária;
- ser solidário nas tarefas de aprendizagem ou na sua organização;
- estar disponível para se autoaperfeiçoar.
Promover estratégias e modos de organização das tarefas que impliquem por parte do aluno:
- assumir responsabilidades nas tarefas, atitudes e comportamentos;
- assumir e cumprir compromissos;
- apresentar trabalhos com auto e heteroavaliação;
- dar conta a outros do cumprimento de tarefas e funções que assumiu.
Promover estratégias que induzam:
- valorizar a sensibilidade estética e a consciência ética, por forma a estabelecer consigo próprio e com os outros uma relação harmoniosa e salutar.
Conhecedor/ sabedor/ culto/ informado (A, B, G, I, J)
Criativo (A, C, D, J)
Crítico/Analítico (A, B, C, D, G)
Indagador/ Investigador (C, D, F, H, I)
Respeitador da diferença/ do outro (A, B, E, F, H)
Sistematizador/ organizador (A, B, C, I, J)
Questionador (A, F, G, I, J)
Comunicador (A, B, D, E, H)
Autoavaliador (transversal às áreas)
Participativo/ colaborador (B, C, D, E, F)
Responsável/ autónomo (C, D, E, F, G, I, J)
Cuidador de si e do outro (B, E, F, G)
Os gregos no séc. V a.C.: exemplo de Atenas
Analisar a experiência democrática de Atenas do século V a.C., nomeadamente a importância do princípio da igualdade dos cidadãos perante a lei, identificando as suas limitações;
Identificar manifestações artísticas do período clássico grego, ressaltando os seus aspetos estéticos e humanistas;
Reconhecer os contributos da civilização helénica para o mundo contemporâneo;
Identificar/aplicar os conceitos: cidade-estado; democracia; cidadão; meteco; escravo; economia comercial e monetária; arte clássica; método comparativo.
O mundo romano no apogeu do império
Referir o espaço imperial romano nos séculos II e III e a sua diversidade de recursos, povos e culturas;
Caracterizar a economia romana como urbana, comercial, monetária e esclavagista;
Compreender que a língua, o Direito e a administração foram elementos unificadores do império;
Caracterizar o poder imperial acentuando o seu estatuto sagrado e o controlo exercido sobre as instituições políticas;
Caracterizar a arquitetura romana;
Reconhecer os contributos da civilização romana para o mundo contemporâneo;
Identificar/aplicar os conceitos: império; magistrado; administração; urbanismo; Direito; romanização.
Origem e difusão do cristianismo
Contextualizar o aparecimento do cristianismo na Palestina ocupada pelo império romano;
Relacionar a difusão do cristianismo com a utilização das infraestruturas imperiais romanas e com as condições culturais;
Identificar/aplicar os conceitos: cristianismo; cristão; Antigo Testamento; Novo Testamento; continuidade; mudança.
A Europa dos séculos VI a IX
Explicar que a passagem da realidade imperial romana para a fragmentada realidade medieval se deveu ao clima de insegurança originado pelas invasões, pelos conflitos constantes e pela regressão económica;
Reconhecer a importância da Igreja enquanto fator de unidade numa realidade fragmentada;
Identificar/aplicar os conceitos: Idade Média; bárbaros; economia de subsistência; reino; monarquia; Igreja Católica; ordem religiosa; rutura.
O mundo muçulmano em expansão
Identificar acontecimentos relacionados com as origens da religião islâmica e a sua expansão;
Reconhecer a língua e a religião como fatores de unidade do mundo islâmico;
Caracterizar o carácter cosmopolita, comercial e urbano do mundo islâmico medieval;
Identificar/aplicar os conceitos: islamismo; islão; muçulmano; Corão.
A sociedade europeia nos séculos IX A XII
Reconhecer a importância da aristocracia guerreira e do clero cristão na regulação da sociedade, dada a fragilidade do poder régio;
Analisar as dinâmicas económicas e sociais existentes entre senhores e camponeses;
Compreender como se processavam as relações de vassalidade;
Identificar/aplicar os conceitos: aristocracia; feudo; clero; nobreza; povo; servo; vassalo.
A Península Ibérica nos séculos IX a XII
Reconhecer na Península Ibérica a existência de diferentes formas de relacionamento entre cristãos, muçulmanos, e judeus;
Descrever a formação do Reino de Portugal, nomeadamente a luta de D. Afonso Henriques pela independência;
Relacionar a formação do Reino de Portugal com as dinâmicas de interação entre as unidades políticas cristãs e com a reconquista;
Referir os momentos-chave da autonomização e reconhecimento da independência de Portugal;
Identificar/aplicar os conceitos: condado; independência política; judeu.
Desenvolvimento económico, relações sociais e poder político nos séculos XII a XIV
Compreender o processo de passagem de uma economia de subsistência para uma economia monetária e urbana na Europa medieval;
Relacionar inovações técnicas e desenvolvimento demográfico com o dinamismo económico do período histórico estudado;
Interpretar o aparecimento da burguesia;
Explicar a divisão do país em senhorios laicos e eclesiásticos e em concelhos;
Analisar o processo de fortalecimento do poder régio;
Relacionar o crescimento de Lisboa com o dinamismo comercial marítimo e urbano da Europa nos séculos XIII e XIV;
Identificar/aplicar os conceitos: senhorio; concelho; foral; mercado; feira; burguês; Cortes.
A cultura portuguesa face aos modelos europeus
Compreender o papel exercido pelas instituições monásticas e pelas cortes régias e senhoriais na produção e disseminação de cultura;
Caracterizar os estilos românico e gótico, destacando especificidades regionais;
Identificar/aplicar os conceitos: universidade; cultura popular; românico; gótico.
Crises e revolução no século XIV
Analisar a crise económica, social e política do século XIV em Portugal, integrando as guerras fernandinas no contexto da Guerra dos Cem Anos;
Integrar a revolução de 1383-1385 num contexto de crise e rutura, realçando os seus aspetos dinásticos e os confrontos militares, assim como as suas consequências políticas, sociais e económicas;
Identificar/aplicar os conceitos: crise económica; quebra demográfica; peste; revolução.