As Aprendizagens Essenciais (AE) de História A identificam os conhecimentos, as capacidades e as atitudes que os alunos do Curso de Línguas e Humanidades devem atingir com a aprendizagem da História no Ensino Secundário. A sua definição tem como objetivo assegurar aos jovens formações sólidas, orientadas para o desenvolvimento de competências com elevado grau de transferência que possibilitem a aprendizagem ao longo da vida e desempenhos adequáveis a novas situações, seja o prosseguimento de estudos ou a inserção no mercado de trabalho.
O objeto e o método próprios da disciplina de História A tornam-na importante para a consecução do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória: recorrendo à multiperspetiva e a comparações entre realidades espácio-temporais distintas, o aluno adquire a compreensão do mundo em que vive e uma consciência histórica que lhe permite assumir uma posição informada e participativa na construção da sua identidade individual e coletiva, numa perspetiva humanista; um método que valoriza a análise exaustiva de fontes diversificadas promove o desenvolvimento de uma perspetiva crítica, possibilitando a desconstrução de informação, identificando o erro e a ilusão, promovendo uma intervenção consciente e democrática na vida coletiva.
As AE constituem orientação curricular para efeitos de planificação, realização e avaliação e substituem o que no programa é enunciado como “conteúdo de aprofundamento” e “conceitos/noções estruturantes”. Estabelecem o conjunto de conhecimentos, capacidades e atitudes que se considera ser essencial que os alunos adquiram ao longo do processo de ensino aprendizagem, mas não esgotam de forma alguma o que pode ser lecionado e apreendido, considerando que o programa continua em vigor.
No Curso de Línguas e Humanidades, a História A é a disciplina obrigatória e estruturante da formação específica, abrangendo os três anos do ensino secundário. Nesta perspetiva, e pressupondo-se a necessidade de mobilizar as aprendizagens do ensino básico, este documento estrutura-se em torno de quatro eixos organizadores:
- valorização do conhecimento histórico decorrente de uma construção rigorosa que resulta da confrontação de fontes e de hipóteses;
- opção pela abordagem de aspetos significativos da evolução da humanidade, integrando linhas de reflexão problematizadoras das relações entre o passado e o presente;
- aquisição de referentes seguros que possibilitem a compreensão das grandes questões nacionais e dos problemas decorrentes da globalização;
- opção por uma pedagogia que envolve os alunos na construção do conhecimento, permitindo o aprofundamento de determinados temas, a mobilização de componentes locais para a construção do currículo e as explorações interdisciplinares.
Ao assumir o Perfil dos Alunos como documento enquadrador do currículo, as opções tomadas para a definição das Aprendizagens Essenciais pressupõem o desenvolvimento de competências, próprias do conhecimento histórico, em sintonia com as áreas identificadas naquele documento:
Pesquisar, de forma autónoma mas planificada, em meios diversificados, informação relevante para assuntos em estudo, manifestando sentido crítico na seleção adequada de contributos (A; B; C; D; F; I)
Analisar fontes de natureza diversa, distinguindo informação, implícita e explícita, assim como os respetivos limites para o conhecimento do passado; (A; B; C; D; F; I)
Analisar textos historiográficos, identificando a opinião do autor e tomando-a como uma interpretação suscetível de revisão em função dos avanços historiográficos; (A; B; C; D; F; I)
Utilizar com segurança conceitos operatórios e metodológicos da disciplina de História; (C; D; F; I)
Situar cronológica e espacialmente acontecimentos e processos relevantes, relacionando-os com os contextos em que ocorreram; (A; B; C; D; F; I)
Identificar a multiplicidade de fatores e a relevância da ação de indivíduos ou grupos, relativamente a fenómenos históricos circunscritos no tempo e no espaço; (A; B; C; D; F; G; H; I)
Situar e caracterizar aspetos relevantes da história de Portugal, europeia e mundial; (A; B; C; D; F; G; H; I)
Relacionar a história de Portugal com a história europeia e mundial, distinguindo articulações dinâmicas e analogias/especificidades, quer de natureza temática quer de âmbito cronológico, regional ou local; (A; B; C; D; F; G; H; I)
Mobilizar conhecimentos de realidades históricas estudadas para fundamentar opiniões, relativas a problemas nacionais e do mundo contemporâneo, e para intervir de modo responsável no seu meio envolvente; (A; B; C; D; E; F; G; H; I)
Problematizar as relações entre o passado e o presente e a interpretação crítica e fundamentada do mundo atual; (A; B; C; D; E; F; G; H; I)
Elaborar e comunicar, com correção linguística e de forma criativa, sínteses de assuntos estudados; (A; B; C; D; F; I; J)
Manifestar abertura à dimensão intercultural das sociedades contemporâneas; (A; B; C; D; E; F; G; H; I)
Desenvolver a capacidade de reflexão, a sensibilidade e o juízo crítico, estimulando a produção e a fruição de bens culturais; (A, B, C, D, E, F, G, H, I, J)
Desenvolver a autonomia pessoal e a clarificação de um sistema de valores, numa perspetiva humanista; (A, B, C, D, E, F, G, H, I)
Desenvolver a consciência da cidadania e da necessidade de intervenção crítica em diversos contextos e espaços. (A, B, C, D, E, F, G, H, I, J)
Promover o respeito pela diferença, reconhecendo e valorizando a diversidade: étnica, ideológica, cultural, sexual; (A; B; C; D; E; F; G; H; I)
Valorizar a dignidade humana e os direitos humanos, promovendo a diversidade, as interações entre diferentes culturas, a justiça, a igualdade e equidade no cumprimento das leis; (A; B; C; D; E; F; G; H; I)
Respeitar a biodiversidade, valorizando a importância da riqueza das espécies vegetais e animais para o desenvolvimento das comunidades humanas. (A; B; D; F; G)
A disciplina de História A, ao dedicar todo o 12.o ano ao estudo do século XX, pretende contribuir para dotar os alunos de instrumentos que contribuam para uma cidadania interventiva, partindo de um conhecimento rigoroso do passado mais próximo, aliado a uma dimensão problematizante e explicativa. Para isso, propõe um estudo aprofundado das crises, embates e mutações culturais ocorridas na primeira metade do século, da evolução verificada em Portugal e no mundo entre a II Guerra Mundial e os anos oitenta e das alterações geoestratégicas, das tensões políticas e das transformações socioculturais ocorridas no mundo atual.
As transformações das primeiras décadas do século XX
Compreender as mudanças geopolíticas resultantes da rutura que constituiu a I Guerra Mundial;
Analisar a construção do modelo ideológico socialista partindo dos antagonismos sociais e políticos que levaram à revolução de outubro de 1917;
Relacionar a mudança que se operou na mentalidade da sociedade burguesa de início do século XX com a I Guerra Mundial, com a evolução técnica e com o corte com os cânones clássicos da arte europeia;
Identificar/aplicar os conceitos: comunismo; marxismo- leninismo; ditadura do proletariado; feminismo; modernismo; vanguarda cultural.
Portugal no primeiro pós guerra
Identificar os condicionalismos que conduziram à falência da 1a República e à implantação de um regime autoritário;
Contextualizar as tendências culturais existentes no Portugal do pós I Guerra – naturalismo versus vanguardas.
O agudizar das tensões políticas e sociais a partir dos anos 30
Interpretar a expansão de novas ideologias e o intervencionismo dos Estados democráticos à luz das crises do capitalismo liberal, nomeadamente da crise de 1929;
Caracterizar os regimes fascista, nazi e estalinista, distinguindo os seus particularismos e realçando o papel exercido pela propaganda em todos eles;
Analisar as perseguições efetuadas a judeus, ciganos, eslavos, homossexuais, opositores políticos e outros grupos, no quadro do totalitarismo nazi, caraterizado pela tentativa de um completo controlo racial, político, social e cultural dos indivíduos;
Identificar/aplicar os conceitos: craque bolsista; deflação; inflação; totalitarismo; fascismo; nazismo; antissemitismo; holocausto; genocídio.
Portugal: o Estado Novo
Explicar o triunfo das forças conservadoras e a aproximação do regime português ao modelo fascista italiano;
Compreender que as políticas económicas obedeceram a imperativos ideológico-políticos como a estabilidade financeira, a defesa da ruralidade, as obras públicas, o condicionamento industrial, a corporativização dos sindicatos;
Caraterizar a política cultural do regime;
Reconhecer que o Estado Novo foi um regime autoritário que adotou mecanismos repressivos das liberdades individuais e coletivas.
Identificar/aplicar o conceito: corporativismo; autoritarismo.
Promover estratégias que envolvam aquisição de conhecimento, informação e outros saberes, relativos aos conteúdos das AE, que impliquem:
Selecionar fontes históricas fidedignas e de diversos tipos;
Recolher e selecionar dados de fontes históricas para a análise de assuntos e temáticas em estudo;
Organizar, de forma sistematizada e autónoma, a informação recolhida em fontes históricas;
Estudar de forma autónoma e sistematizada;
Analisar factos, teorias e situações, selecionando elementos ou dados históricos relevantes para o assunto em estudo;
Saber problematizar os conhecimentos adquiridos, de forma escrita e oral;
Utilizar a capacidade de memorização, associando-a à compreensão;
Estabelecer relações intra e interdisciplinares;
Valorizar o património histórico e natural, local, regional e europeu, este último numa perspetiva de construção da cidadania europeia.
Promover estratégias que envolvam a criatividade dos alunos:
Formular hipóteses sustentadas em evidências, face a um acontecimento ou processo histórico;
Mobilizar o conhecimento adquirido aplicando-o em situações históricas específicas, simples e complexas;
Propor alternativas de interpretação a um acontecimento, evento ou processo, problematizando-as;
Promover a multiperspetiva em História, num quadro de desenvolvimento pessoal e autónomo;
Usar meios diversos para expressar as aprendizagens, sabendo justificar a escolha desses meios;
Criar soluções estéticas criativas e pessoais.
Promover estratégias que desenvolvam o pensamento crítico e analítico dos alunos, incidindo em:
Mobilizar o discurso (oral e escrito) argumentativo de forma sistemática e autónoma;
Organizar debates que requeiram sustentação de afirmações, elaboração de opiniões ou análises de factos ou dados históricos;
Organizar o discurso oral ou escrito recorrendo a conceitos operatórios da História;
Organizar o discurso oral ou escrito recorrendo a conceitos metodológicos da História;
Discutir conceitos, factos e processos históricos numa perspetiva disciplinar e interdisciplinar,
incluindo conhecimento disciplinar histórico;
Analisar diversos tipos de fontes históricas com diferentes pontos de vista, problematizando-os.
Promover estratégias que induzam ao respeito pela diferença e diversidade;
Aceitar e/ou argumentar diversos pontos de vista;
Saber interagir com os outros no respeito pela diferença e pela diversidade;
Confrontar ideias e perspetivas históricas distintas, respeitando as diferenças de opinião.
Promover estratégias que envolvam por parte do aluno:
Planificar, sintetizar, rever e monitorizar;
Registar seletivamente informação recolhida em fontes históricas de diversos tipos;
Construir sínteses com base em dados recolhidos em fontes históricas analisadas;
Elaborar relatórios, obedecendo a critérios e objetivos específicos;
Elaborar planos específicos e gerais, assim como esquemas simples e complexos, estabelecendo cruzamento de informação;
Sistematizar, seguindo tipologias específicas acontecimentos e/ou processos históricos.
Promover estratégias que impliquem por parte do aluno:
Colocar questões-chave cuja resposta abranja acontecimentos ou processos históricos;
Questionar os seus conhecimentos prévios.
Promover estratégias que impliquem por parte do aluno:
Comunicar uni, bi e multidirecionalmente;
Responder, apresentar;
Mostrar iniciativa.
Promover estratégias envolvendo tarefas em que, com base em critérios, se oriente o aluno para:
Questionar de forma organizada e sustentada o trabalho efetuado por si e pelos outros;
Autoavaliar as aprendizagens adquiridas, os seus comportamentos e atitudes;
Avaliar de forma construtiva as aprendizagens adquiridas, os comportamentos e atitudes dos outros;
Aceitar as críticas dos pares e dos professores, de forma construtiva, no sentido de melhorar o seu desempenho.
Promover estratégias que induzam o aluno a:
Colaborar com os pares e professores no sentido de melhorar ou aprofundar as suas ações;
Apoiar o trabalho colaborativo;
Intervir de forma solidária;
Ser solidário nas tarefas de aprendizagem ou na sua organização;
Estar disponível para se autoaperfeiçoar.
Promover estratégias e modos de organização das tarefas que impliquem por parte do aluno:
Assumir responsabilidades nas tarefas, atitudes e comportamentos;
Assumir e cumprir compromissos; Apresentar trabalhos com auto e heteroavaliação;
Dar conta a outros do cumprimento de tarefas e funções que assumiu.
Indagador/ Investigador/ Conhecedor/ sabedor/ culto/ informado/autónomo (A, B, C, D, H, I)
Criativo (A, B, C, D, F, I)
Crítico/Analítico (A, B, C, D, F, I, H)
Respeitador da diferença/ do outro (A, B, C,D, E, F, I)
Sistematizador/ organizador (A, B, C, D, F)
Questionador (A, B, C, D, E, F, I)
Comunicador (A, B, C, D, E, F, I, J)
Autoavaliador e heteroavaliador (transversal às áreas)
Participativo/ colaborador/ cuidador de si e do outro (transversal às áreas)
Responsável/ autónomo (A, B, C, D, E, F, H, I)
A degradação do ambiente internacional
Reconhecer na guerra civil espanhola a antecâmara da II Guerra Mundial;
Compreender que a partir de 1942/43, com a derrota eminente do eixo nazi-fascista, se evidencia uma nova realidade geopolítica, opondo o mundo comunista ao mundo capitalista;
Nascimento e afirmação de um novo quadro geopolítico
Reconhecer que a realidade do pós II Guerra Mundial foi a de um mundo bipolar, marcado pelo confronto entre duas superpotências com ideologias e modelos políticos antagónicos;
Compreender a eclosão dos primeiros movimentos independentistas;
Caracterizar as políticas económicas e sociais das democracias ocidentais no após II Guerra, nomeadamente o desenvolvimento da sociedade de consumo e a afirmação do estado-providência;
Comparar o modelo económico capitalista com o modelo de direção central soviético;
Descrever a escalada armamentista e o início da corrida espacial à luz da Guerra Fria;
Identificar/aplicar os conceitos: Guerra-Fria; descolonização; sociedade de consumo; estado- providência; democracia popular; neocolonialismo; oposição democrática.
Portugal, do autoritarismo à democracia
Relacionar a manutenção do regime do Estado Novo nos anos do após-guerra com a Guerra Fria;
Compreender que a realidade portuguesa do após guerra a 1974 foi marcada pelo imobilismo político e pelo crescimento económico;
Interpretar o surto industrial e urbano, a estagnação do mundo rural e os consequentes movimentos migratórios;
Descrever as diversas correntes oposisicionistas ao Estado Novo, destacando os acontecimentos de 1958;
Interpretar o fomento económico das colónias à luz da retórica imperial e do progressivo isolamento internacional;
Analisar as fragilidades do marcelismo, nomeadamente o inconsequente reformismo político e o desgaste que a Guerra Colonial provocou no regime, interna e exernamente;
Compreender que a modernização da sociedade portuguesa nas décadas de 60 e 70, na demografia e nos comportamentos, constituiu-se como fator fundamental para a desagregação do regime;
Descrever a eclosão da revolução de 25 de abril de 1974, o papel exercido pelo MFA e o processo de desmantelamento das estruturas de suporte do Estado Novo;
Problematizar o processo de democratização, do PREC à progressiva instalação e consolidação das estruturas democráticas, o processo de descolonização, a política económica anti-monopolista e a intervenção do Estado nos domínios económico e financeiro;
Avaliar o papel da revisão constitucional de 1982 e da entrada de Portugal nas Comunidades Europeias para a consolidação do processo de democratização e para a modernização do país;
Avaliar o sucesso da Revolução de 74 e do consequente processo de democratização do país.
Identificar/aplicar os conceitos: poder popular; nacionalização; reforma agrária; democratização.
O fim do sistema internacional da Guerra Fria e a persistência da dicotomia Norte-Sul
Analisar o impacto que a desagregação do bloco soviético e da ideologia que lhe estava associada teve na evolução geopolítica internacional e na evolução política, económica e social dos países que integravam esse bloco;
Compreender que a Guerra Fria e o seu desfecho tiveram um papel primordial na persistência de tensões pluriétnicas, nacionalistas e religiosas;
Justificar a hegemonia dos EUA com base na prosperidade económica, na supremacia militar e no dinamismo científico e tecnológico;
Analisar o desenvolvimento de uma cidadania europeia no quadro de aprofundamento da UE, realçando a importância desta no sistema mundial;
Demonstrar que a modernização e abertura da China à economia de mercado resultou de um processo que incluiu a integração de Hong Kong e de Macau;
Identificar/aplicar o conceito: geopolítica; Perestroika.
A viragem para uma outra era
Analisar elementos definidores do tempo presente: massificação; cultura urbana; hegemonia do mundo virtual; ideologia dos direitos humanos; respeito pelos direitos dos animais; consciência ecológica; globalização: economia, migrações, segurança e ambiente.
Identificar/aplicar os conceitos: multiculturalidade; interculturalidade; ambientalismo; globalização; neoliberalismo; cidadania digital.
Portugal no novo quadro internacional
Avaliar o impacto da integração europeia para Portugal a nível interno e externo,país, nomeadamente no crescente protagonismo que o país tem obtido em instituições internacionais;
Analisar as relações estabelecidas entre Portugal, os países lusófonos e a área ibero-americana desde a revolução de 25 de abril de 1974.
Identificar/aplicar os conceitos: PALOP.