Os descritores das Aprendizagens Essenciais para Espanhol são o resultado de cruzar os documentos reguladores e os programas para o Ensino Secundário, homologados e em vigor, com as orientações do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (2017), do Quadro europeu comum de referências para as línguas: aprendizagem, ensino, avaliação (2001 e 2017) e, pontualmente, do Plan Curricular del Instituto Cervantes (2006). Também foram incorporadas considerações expressas, durante os últimos 15 anos, por docentes de Espanhol, gestores educativos, responsáveis de processos de avaliação externa e diferentes especialistas, que se têm debruçado sobre os problemas específicos da aquisição e da aprendizagem da língua espanhola por parte de falantes nativos de português.Devido à proximidade linguística e cultural entre o espanhol e o português e às situações de estreito contacto entre ambas as
línguas em todo o território - particularmente intenso nas zonas de fronteira -, os alunos portugueses da disciplina de Espanhol, para todos os anos de aprendizagem, apresentam níveis de desempenho diferenciados para as competências recetivas e produtivas.
Em função das caraterísticas do grupo, e após a devida análise de necessidades, o docente poderá optar por incidir mais no desenvolvimento de uma ou outra competência recetiva ou produtiva, ou enfatizar mais um ou outro domínio. As aprendizagens aqui definidas devem ser consideradas, de facto, como ‘essenciais’ e, em consequência, nada impede avançar para um domínio superior ao aqui indicado, sempre que a turma puder acompanhar, de forma equilibrada, o ritmo de trabalho.
A finalidade principal da disciplina de Espanhol é o uso da língua espanhola como instrumento de comunicação, com diferentes intenções e finalidades e nos mais variados contextos, para o qual a abordagem explícita da linguística espanhola e da cultura dos países onde é língua oficial ou co-oficial reveste a condição de áreas subsidiárias ou instrumentais.
Neste documento aparecem especificações mínimas sobre os recursos fonético-fonológicos, ortográficos, gramaticais e lexicais indispensáveis para a aprendizagem da língua espanhola. Esta secundarização é intencional, pois entende-se que a gestão dos objetivos de aprendizagem deve ser realizada através de uma abordagem comunicativa, isto é, para usar a língua em contexto e, sempre que possível, desenvolvida através da negociação e realização de tarefas e projetos significativos para discentes e docentes. Esta opção não implica que esses conteúdos ou conhecimentos não devam ser tratados de forma adequada na planificação e no decorrer das aulas; no entanto, devem ficar sujeitos às caraterísticas, interesses e motivações da turma, à gestão específica da disciplina por parte de cada docente e de cada estabelecimento de ensino e, sobretudo, devem ter como finalidade o desenvolvimento das competências explicitadas aqui através, sobretudo, de descritores pragmático discursivos, sociolinguísticos, funcionais, interculturais e estratégicos, que comportam uma visão mais abrangente.
Tendo em conta a intensidade das relações humanas, culturais e económicas entre Portugal e Espanha, a variedade da língua que deve continuar a ser ensinada e aprendida, nos cursos de continuação do Ensino Secundário, é o espanhol padrão de Espanha (culto e coloquial); porém, nas competências recetivas, e em função das atividades de aprendizagem selecionadas, deverá incluir-se input e elementos socioculturais idiossincrásicos de outras variedades diafásicas, diastráticas e diatópicas de Espanha e dos países hispano-americanos.
As aprendizagens elencadas a seguir seguem uma progressão em espiral, isto é, de ano para ano, as aprendizagens avançam para um patamar superior de competência que implica e inclui as capacidades, os conhecimentos, as estratégias e as atitudes que foram trabalhados nos anos anteriores. Por outro lado, ainda que algumas aprendizagens dos domínios comunicativo, intercultural ou estratégico possam ser abordadas, parcialmente, em níveis inferiores, neste documento aparecem apenas no ano em que todos os alunos podem e devem mobilizá-las, de modo completo e efetivo.
De acordo com as escalas de proficiência comunicativa definidas pelo Quadro Europeu comum de referência para as línguas (2001 e 2017), e de acordo com o quadro legal vigente, a sequência previsível para o ensino do Espanhol de Continuação no Ensino Secundário de Formação Específica é a seguinte:
ENSINO SECUNDÁRIO – FORMAÇÃO ESPECÍFICA – CONTINUAÇÃO | 10.º | 11.º | 12.º |
CAV | B1.2 | B2.1 | B2.2 |
CE | B2.1 | B2.2 | B2.2+ |
IO / IE / PO / PE / (MO / ME) | B1.1 | B1.2 | B2.1 |
Abreviaturas: CAV - compreensão auditiva e audiovisual; CE – compreensão escrita; IO – interação oral; IE – interação escrita; PO – produção oral; PE – produção escrita.
Para além da compreensão, interação e produção, a competência comunicativa a desenvolver com os alunos dos cursos de Formação Específica incui as atividades de mediação, também nas modalidades oral, escrita e audiovisual. O nível B2.2+ de compreensão escrita implica um alargamento da competência B2.2 através da diversificação de géneros e tipologias textuais, assim como das atividades e estratégias ligadas ao desenvolvimento da competência de mediação oral e escrita e do trabalho interdisciplinar com outras áreas do currículo. Atendendo ao contexto sociocultural, económico e geográfico da escola, às caraterísticas da turma e ao perfil dos alunos, e uma vez que as cargas horárias das disciplinas podem estar sujeitas a medidas de flexibilização, será responsabilidade do docente gerir e ir adaptando as aprendizagens previstas para cada ano da forma mais eficaz para, desse modo, serem atingidos com sucesso os objetivos finais de ano e de ciclo. Esse processo de adaptação e gestão deverá ser levado a cabo através da análise e monitorização contínuas das necessidades de aprendizagem e em negociação com os alunos e os seus respetivos responsáveis de educação, assim como dentro da área disciplinar e da escola.
A aprendizagem da língua integra também uma competência intercultural e estratégica que, juntamente com a competência comunicativa, se tornam essenciais para a construção de uma identidade como cidadão global e para a promoção dos valores enunciados no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória: responsabilidade e integridade; excelência e exigência; curiosidade, reflexão e inovação; cidadanía e participação; e liberdade. A planificação e operacionalização das unidades didáticas e as consequentes escolhas relativamente a domínios de referência, estratégias de ensino e materiais didáticos deverão promover a aquisição dessas competências e a formação nesses valores em paralelo com as Áreas de Competência do Perfil do Aluno (ACPA) nos domínios humanístico, científico, tecnológico e cultural.
Para além dos descritores relativos aos domínios de competência intercultural e estratégica relativos a cada ano, e de acordo com as escalas globais de proficiência definidas pelo Quadro Europeu comum de referência para as línguas (2001 e 2017) para a competência comunicativa, no final do 10.o ano de Continuação (Formação Específica), os alunos da disciplina de Espanhol devem atingir os seguintes níveis nas subcomptências de compreensão auditiva e audiovisual, compreensão escrita e interação, produção e mediação oral e escrita:
CAV | B1.2 | É capaz de compreender os pontos essenciais e os dados relevantes de uma sequência falada que incida sobre assuntos quotidianos, da escola, dos tempos livres, etc. É capaz de compreender os pontos principais e os dados mais relevantes de vídeos, filmes e programas de rádio e televisão sobre temas atuais ou assuntos de interesse pessoal, quando o débito da fala é relativamente lento e claro. |
CE | B2.1 | É capaz de ler artigos e reportagens sobre assuntos contemporâneos, sociais e pessoais, em relação aos quais os autores adoptam atitudes, opiniões ou pontos de vista imprevistos ou não convencionais. É capaz de compreender textos literários contemporâneos em prosa, adaptados a públicos juvenis, em que as expressões idiomáticas sejam as mais frequêntes. |
IO / IE / PO / PE / MO / ME | B1.1 | É capaz de lidar com a maior parte das situações que podem surgir durante uma viagem a um país hispanofalante. É capaz de participar, sem preparação prévia, numa conversa sobre assuntos conhecidos, de interesse pessoal ou do dia-a-dia (família, passatempos, viagens, trabalho e assuntos de atualidade). É capaz de relatar experiências, acontecimentos, sonhos, expetativas e objetivos, introduzindo opiniões e justificações. É capaz de escrever textos simples e trocar correspondência sobre temas familiares ou do seu interesse, assim como sobre acontecimentos passados ou projetos futuros, usando, com relativa correção, um repertório de rotinas e fórmulas frequentes. É capaz de resumir, parafrasear e fazer a mediação para espanhol ou para português de cartazes, avisos e breves sequências e fragmentos orais e escritos. |
Os objetivos a atingir durante este ano obrigam a um trabalho adicional focado, especialmente, no desenvolvimento das habilidades e estratégias relacionadas com as atividades de mediação, nas modalidades oral, escrita e audiovisual.
[Compreensão auditiva e audiovisual – Nível B1.2]
Compreender as ideias principais e selecionar e associar informação pertinente (verbal e não verbal) em documentos audiovisuais diversos, sobre situações do quotidiano, do mundo do trabalho e do lazer, assuntos da atualidade cultural, política e científica, experiências pessoais e vivências das sociedades contemporâneas, sempre que as ideias sejam estruturadas com marcadores explícitos, predomine o vocabulário frequente, contenha expressões idiomáticas muito correntes e a articulação seja clara.
[Compreensão escrita – Nível B2.1]
Seguir indicações, normas e instruções complexas.
Compreender ideias específicas e conclusões gerais sobre aspetos socioculturais relevantes.
Selecionar e associar informação pertinente e específica em textos predominantemente explicativos e argumentativos complexos, de diversos géneros, sobre vivências, problemas e desafios do mundo contemporâneo, sempre que as ideias sejam estruturadas com marcadores explícitos e predominem vocabulário frequente e expressões idiomáticas correntes.
[Interação oral – Nível B1.1]
Interagir em conversas inseridas em situações familiares,
ao vivo ou em aplicações digitais, nas quais:
- troca ideias, informações e opiniões sobre pessoas, experiências, produtos, serviços, o mundo do trabalho e do lazer e temas da atualidade;
- usa vocabulário frequente e estruturas frásicas diversas e mobiliza recursos gramaticais adequados para ligar, clarificar e reformular as ideias;
- pronuncia geralmente de forma clara e com ritmo e entoação apropriados;
- reage, de forma pertinente, ao discurso do interlocutor e respeita o registo e os princípios de cortesia verbal.
[Produção oral – Nível B1.1]
Exprimir-se, com alguma fluência, em monólogos preparados previamente (ao vivo, em gravações ou em aplicações digitais), nos quais:
- descreve, narra e/ou expõe informações sobre assuntos do seu interesse e temas da atualidade;
- usa vocabulário frequente, estruturas frásicas simples e recursos discursivos adequados para construir uma sequência coerente de informações;
- pronuncia geralmente de forma clara, com ritmo e entoação apropriados.
[Interação escrita – Nível B1.1]
Escrever cartas, mails e mensagens, em papel ou em
aplicações digitais, nos quais:
- pede e dá informações exprimindo com clareza opiniões e argumentos sobre assuntos do seu interesse e temas de atualidade;
- utiliza vocabulário frequente, estruturas gramaticais simples e recursos adequados para construir textos coerentes e coesos;
- respeita as convenções textuais e sociolinguísticas dos géneros utilizados, adequando-as ao destinatário.
[Produção escrita – Nível B1.1]
Escrever textos diversos, em papel ou em aplicações
digitais, nos quais:
- descreve situações, narra acontecimentos e expõe informações, opiniões e argumentos sobre assuntos do seu interesse e temas da atualidade;
- utiliza vocabulário frequente, estruturas frásicas simples e recursos discursivos adequados para construir textos coerentes e coesos;
- respeita as convenções dos géneros textuais trabalhados.
- Mobilizar as ações estratégicas dos anos anteriores nas atividades e tarefas de compreensão auditiva, audiovisual e escrita, adaptando-as aos novos documentos e situações trabalhados na aula.
- Identificar, em documentos autênticos (gravações, anúncios, programas de tv, filmes, revistas, jornais, livros, banda desenhada, textos digitais, etc.), informações globais e específicas, ideias principais e secundárias, dados e opiniões sobre uma ampla gama de temas.
- Analisar factos, teorias e situações, indicando os seus elementos ou dados.
- Identificar as marcas que diferenciam o código oral do escrito.
- Valorizar e avaliar os progressos próprios e dos colegas na compreensão auditiva, audiovisual e escrita.
- Mobilizar as aprendizagens dos anos anteriores
- Mobilizar as ações estratégicas dos anos anteriores nas atividades e tarefas de interação e produção oral, adaptando-as aos novos documentos e situações trabalhados na aula.
- Expressar as suas ideias e contar experiências e projetos de forma coerente e mantendo um equilíbrio entre a correção formal e a fluência.
- Conceber mensagens e textos (para descrever, comparar, contar experiências, histórias e projetos, expressar sensações e sentimentos, justificar e explicar, etc.) considerando a intenção comunicativa e a situação de comunicação em que acontece.
- Comparar as convenções linguísticas próprias da interação social com as utilizadas em português, especialmente no que se refere à adequação ao registo e às características lexicais da língua usada.
- Participar reflexiva e criticamente em diferentes situações comunicativas.
- Aceitar ou argumentar pontos de vista diferentes.
- Confrontar ideias e perspetivas distintas sobre a abordagem de um dado problema e ou a maneira de o resolver, tendo em conta, por exemplo, diferentes perspetivas culturais, sejam de incidência local, nacional ou global.
- Utilizar e identificar estratégias pessoais de facilitação e compensação para ultrapassar dificuldades de interação e produção oral.
- Antecipar e avaliar a reação do(s) interlocutor(es) à interação ou ao monólogo.
- Fornecer feedback e colaborar com os colegas para melhoria ou aprofundamento de ações.
- Procurar os meios mais adequados para conseguir maior fluência e correção.
- Superar as interferências entre o português e o espanhol, desenvolvendo para isso as estratégias adequadas.
- Valorizar e avaliar os progressos próprios e dos colegas na interação e produção oral.
A, B, C, D, E, F, G, H, I, J
Interpretar factos, atitudes, comportamentos e valores culturais mobilizando conhecimentos de natureza diversa e demonstrando abertura (aliada ao espírito crítico e/ou à empatia).
Interpretar a presença de traços históricos e culturais de Espanha em Portugal e de Portugal em Espanha.
Interpretar elementos do património natural e cultural e dos comportamentos sociais e sociolinguísticos dos países hispano-falantes e relacioná-los com os de Portugal, usando-os em atividades diversificadas (trabalhos, apresentações, jogos, concursos, exposições, vídeos, artefactos, atividades de palco, etc.).
- Participar na seleção, ampliação, transposição, exemplificação e ilustração de situações e temas para abordar na aula, relativamente a: aprendizagem, juventude, cidadania, trabalho, língua espanhola no mundo, cultura, festas, viagens, lazer, saúde.
- Desenvolver atitudes positivas perante a língua espanhola e os universos socioculturais que veicula, numa perspectiva intercultural.
- Procurar, analisar e discutir a pertinência de documentos e estratégias que induzam respeito por diferenças de características, crenças ou opiniões.
- Conceber situações onde determinado conhecimento possa ser aplicado.
- Estabelecer relações intra e interdisciplinares que favoreçam a transversalidade da competência em espanhol.
A, B, C, D, E, F, G, H, I, J
Verificar a eficiência das estratégias adotadas na planificação e realização de atividades de aprendizagem, recorrendo à comparação com a língua materna e outras línguas e deduzindo regras de funcionamento e uso da língua.
Diversificar estratégias e recursos para consolidar conhecimentos, remediar dificuldades e promover a aprendizagem colaborativa e a autonomia.
Selecionar e utilizar os recursos e as estratégias mais eficazes para aperfeiçoar a compreensão e realizar tarefas de interação e produção, superando carências e falhas na comunicação.
Transferir conhecimentos adquiridos para situações de interação e produção oral e escrita na vida fora da aula.
- Valorizar e avaliar os progressos na aquisição da língua como elemento motivador.
- Procurar ocasiões para praticar o idioma dentro e fora da aula.
- Criar sintonia com os colegas e favorecer a cooperação para trabalhar e praticar em grupo.
- Utilizar os media e as novas tecnologias como instrumentos de aprendizagem, de comunicação e de informação.
- Participar na seleção das tarefas, recursos e materiais didáticos e nos critérios com que será avaliada a consecução dos objetivos.
- Contratualizar tarefas e assumir e cumprir compromissos perante a turma.
- Consolidar práticas de relacionamento interpessoal favoráveis ao exercício do sentido de responsabilidade, de solidariedade e da consciência da cidadania global.
- Aplicar grelhas de autoavaliação sobre o grau de consecução, de interesse, de participação e de satisfação das tarefas realizadas.
- Explorar estratégias de superação de dificuldades e resolução de problemas, valorizando o risco como forma natural de aprender.
A, B, C, E, F, G, J