Educação Visual

Educação Visual
9.º Ano
3.º Ciclo
Ensino Básico
Introdução

As Artes Visuais assumem-se como uma área do conhecimento fundamental para o desenvolvimento global e integrado dos alunos, em consonância com as diferentes Áreas de Competências do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, mais especificamente dos processos de olhar e ver, de forma crítica e fundamentada, dos diferentes contextos visuais. Assume como principal finalidade o alargamento e enriquecimento das experiências visual e plástica dos alunos, contribuindo para o desenvolvimento da sensibilidade estética e artística, despertando, ao longo do processo de aprendizagem, o gosto pela apreciação e fruição das diferentes circunstâncias culturais.

Organizadores das Aprendizagens Essenciais

As Aprendizagens Essenciais para as Artes Visuais, nos diferentes ciclos, estão estruturadas por Domínios/Organizadores, designadamente:

  • Apropriação e Reflexão;
  • Interpretação e Comunicação;
  • Experimentação e Criação.

Apropriação e Reflexão – Pretende-se que os alunos aprendam os saberes da comunicação visual e compreendam os sistemas simbólicos das diferentes linguagens artísticas, identificando e analisando, com um vocabulário específico e adequado, conceitos, contextos e técnicas em diferentes narrativas visuais, aplicando os saberes apreendidos em situações de observação e/ou da sua experimentação plástica, estimulando o desenvolvimento do seu estilo de representação.

Incentiva-se, a partir da experiência de cada aluno e dos processos de observação, descrição, discriminação, análise, síntese, argumentação e juízo crítico, a apreciação estética e artística, para a compreensão, entre outros aspetos, da expressividade contida na linguagem das imagens e/ou de outras narrativas visuais.

Interpretação e Comunicação – Pretende-se, de uma forma sistemática, organizada e globalizante, desenvolver as capacidades de apreensão e de interpretação, no contacto com os diferentes universos visuais - sendo desejável que não se restrinja a arte à tradição ocidental e a determinados períodos históricos -, estimulando múltiplas leituras das diferentes circunstâncias culturais. Procura-se, deste modo, desenvolver estratégias para a construção das relações entre o olhar, o ver e o fazer. Valorizam-se as vivências e as experiências de cada aluno, no sentido de o levar a uma interpretação mais abrangente e mais complexa, fazendo interdepender três realidades: imagem/objeto, sujeito e construção de hipóteses de interpretação.

Experimentação e Criação – Conjugam-se a experiência pessoal, a reflexão, os conhecimentos adquiridos, na experimentação plástica de conceitos e de temáticas, procurando a criação de um sistema próprio de trabalho. Deseja-se que a experiência plástica dos alunos não seja encarada, apenas, como uma atividade ilustrativa do que vê, mas a (re)invenção de soluções para a criação de novas imagens, relacionando conceitos, materiais, meios e técnicas, imprimindo-lhe a sua intencionalidade e o desenvolvimento da sua expressividade.

Estes Domínios/Organizadores, separados apenas por uma questão metodológica, são entendidos como realidades interdependentes, tal como explicitado no esquema seguinte:

Domínios


Os Domínios/Organizadores apresentados englobam competências estéticas e técnicas, envolvem saberes, a apropriação e domínio de materiais e suportes e integram o desenvolvimento da sensibilidade estética e artística. Nestes Domínios/Organizadores, articulam-se os processos artísticos e tecnológicos com as circunstâncias culturais, designadamente históricas, sociais e políticas.

As aprendizagens que decorrem destes Domínios/Organizadores deverão ser utilizadas pelos alunos em diferentes contextos, em ações práticas e experimentais e em projetos de trabalho (turma, escola, comunidade), individuais ou coletivos, podendo integrar transversalmente conteúdos de várias disciplinas desenvolvidos em ambientes físicos e digitais, formais e não formais.

Aprendizagens Essenciais por ciclo

As Aprendizagens Essenciais (AE) apresentadas neste documento têm subjacente um desenvolvimento das competências por ciclos (1.º, 2.º e 3.º ciclos), visto entender-se que, ao longo de um ciclo de aprendizagem, os alunos têm oportunidade de fazer um percurso formativo, no qual os conhecimentos (cor, forma, linha, textura, plano, luz, espaço, volume, movimento, ritmo, entre outros) serão mobilizados de uma forma gradual, complexificados à medida que os alunos intensificam e alargam as experiências de aprendizagem, aplicam, sistematizam e transformam os conhecimentos em vivências com significado. De acordo com esta perspetiva, estes conhecimentos continuam a ser desenvolvidos neste ciclo de aprendizagem, acautelando-se o princípio que à mesma idade cronológica pode não corresponder o mesmo nível de desenvolvimento.

As AE apresentam-se como uma forma de expressar aquilo que é essencial aos alunos conhecerem no final do 3.º ciclo, aumentando o grau de dificuldade relativamente à abordagem dos conceitos a trabalhar, como um objetivo final a ser atingido, procurando definir o desenvolvimento esperado para todos.

Áreas de Competências do perfil dos Alunos (ACPA)
Linguagens e Textos
Informação e comunicação
Raciocínio e resolução de problemas
Pensamento crítico e pensamento criativo
Relacionamento interpessoal
Desenvolvimento pessoal e autonomia
Bem-estar, saúde e ambiente
Sensibilidade estética e artística
Saber científico, técnico e tecnológico
Consciência e domínio do corpo
Operacionalização das Aprendizagens Essenciais (AE)
Organizador
APROPRIAÇÃO E REFLEXÃO
Conhecimentos, Capacidades e Atitudes

Refletir sobre as manifestações culturais do património
local e global (obras e artefactos de arte - pintura, escultura, desenho, assemblage, colagem, fotografia, instalação, land ́art, banda desenhada, design, arquitetura, artesanato, multimédia e linguagens cinematográficas).

Dominar os conceitos de plano, ritmo, espaço, estrutura, luz-cor, enquadramento, entre outros - em diferentes contextos e modalidades expressivas: pintura, escultura, desenho, design, fotografia, cinema, vídeo, banda desenhada.

Reconhecer a importância das imagens como meios de comunicação de massas, capazes de veicular diferentes significados (económicos, políticos, sociais, religiosos, ambientais, entre outros).

Enquadrar os objetos artísticos de diferentes culturas e períodos históricos, tendo como referência os saberes da História da Arte (estilos, movimentos, intencionalidades e ruturas).

Ações estratégicas de ensino orientadas para o perfil dos alunos

Promover estratégias que envolvam:

  • o enriquecimento das experiências visuais dos alunos, estimulando hábitos de apreciação e fruição dos diferentes contextos culturais;
  • a consciencialização de que o(s) gosto(s) se desenvolve(m) e forma(m) através da prática sistemática de experiências culturais diversificadas, quer seja nos âmbitos da fruição, quer da experimentação.

Promover estratégias que envolvam a criatividade do aluno no sentido de:

  • mobilizar saberes e processos, através dos quais perceciona, seleciona, organiza os dados e lhes atribui significados novos;
  • promover dinâmicas que exijam relações entre aquilo que se sabe, o que se pensa e os diferentes universos do conhecimento;
  • incentivar práticas que mobilizem processos para imaginar diferentes possibilidades para gerar novas ideias.

Promover estratégias que desenvolvam o pensamento crítico e analítico dos alunos, incidindo em:

  • debates sobre as diferentes imagens, criando circunstâncias para a discussão e argumentação dos seus pontos de vista e dos outros;
  • apreciações fundamentadas em relação aos seus trabalhos e aos dos seus pares.

Promover estratégias que envolvam por parte do aluno:

  • reinventar soluções para a criação de novas imagens relacionando conceitos, materiais, meios e técnicas;
  • descobrir progressivamente a intencionalidade das suas experiências plásticas.

Promover estratégias que requeiram/ por parte do aluno:

  • o reconhecimento da importância do património cultural e artístico nacional e de outras culturas, como valores indispensáveis para uma maior capacidade de participação e intervenção nas dinâmicas sociais e culturais.

Promover estratégias que envolvam por parte do aluno:

  • a seleção de técnicas e de materiais ajustando- os à intenção expressiva das suas representações;
  • a utilização sistemática de processos de registo de ideias, de planeamento e de trabalho;
  • a transferência para novas situações de processos de análise e de síntese, de modo a criar um conjunto de imagens e de objetos com possibilidades de desenvolver trabalhos com um nível mais elevado de complexidade.

Promover estratégias que impliquem por parte do aluno:

  • questionar as diferentes circunstâncias culturais, ambientais, urbanísticas, entre outras, e perceber o seu contributo para uma ação cívica, junto das comunidades.

Promover estratégias que impliquem por parte do aluno:

  • a seleção de elementos de natureza diversa (plástica, escrita, entre outros) para criar dinâmicas na comunidade (exposições, debates, entre outras);
  • a participação em projetos de trabalho multidisciplinares.

Promover estratégias envolvendo tarefas em que, com base em critérios, se oriente o aluno para:

  • a identificação das suas capacidades e fragilidades e dos materiais que melhor domina para expressar as suas ideias.

Promover estratégias que criem oportunidades para o aluno:

  • cooperar com os seus pares na partilha de saberes para a superação conjunta de dificuldades nas diversas atividades, nos contextos de sala de aula ou de situações não formais (museus, atividades de ar livre, espetáculos, entre outras);
  • divulgar atividades inviduais ou de grupo, através dos canais de comunicação disponíveis, de modo a promover a partilha de dados e de experiências.

Promover estratégias e modos de organização das tarefas que impliquem por parte do aluno:

  • criar regras relativas aos procedimentos com os materiais, à gestão do espaço e à realização de tarefas;
  • manifestar sentido de comprometimento, respeitando o trabalho individual, a par e de grupo;
  • respeitar os prazos de cumprimento dos trabalhos;
  • incentivar a importância de fazer propostas de projetos a realizar e de temáticas a investigar;
  • criar o seu portefólio com vista à autoavaliação.

Promover estratégias que induzam:

  • a organização dos espaços e dos materiais, de acordo com as regras construídas em grupo e/ou pelo professor;
  • a partilha de ideias, no sentido de encontrar soluções e de compreender o ponto de vista dos outros;
  • a disponibilidade de estar atento às necessidades dos seus pares e da comunidade, podendo exercitar formas de participação;
  • a valorização dos saberes do outro, compreendendo as suas intenções e ajudando-o a expressar as suas ideias.
Descritores do Perfil dos alunos

Conhecedor/ sabedor/ culto/ informado (A, B, G, I, J)

Criativo (A, C, D, J)

Crítico/Analítico (A, B, C, D, G)

Indagador/ Investigador (C, D, F, H, I)

Respeitador da diferença/ do outro (A, B, E, F, H)

Sistematizador/ organizador (A, B, C, I, J)

Questionador (A, F, G, I, J)

Comunicador (A, B, D, E, H)

Autoavaliador (transversal às áreas)

Participativo/ colaborador (B, C, D, E, F)

Responsável/ autónomo (C, D, E, F, G, I, J)

Cuidador de si e do outro (B, E, F, G)

Organizador
INTERPRETAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Conhecimentos, Capacidades e Atitudes

Compreender a importância da inter-relação dos saberes da comunicação visual (espaço, volume, cor, luz, forma, movimento, estrutura, ritmo, entre outros) nos processos de fruição dos universos culturais.

Relacionar o modo como os processos de criação interferem na(s) intencionalidade(s) dos objetos artísticos.

Perceber os “jogos de poder” das imagens e da sua capacidade de mistificação ou desmistificação do real.

Interrogar os processos artísticos para a compreensão da arte contemporânea.

Transformar os conhecimentos adquiridos em novos modos de apreciação do mundo.

Organizador
EXPERIMENTAÇÃO E CRIAÇÃO
Conhecimentos, Capacidades e Atitudes

Articular conceitos (espaço, volume, cor, luz, movimento, estrutura, forma, ritmo), referências, experiências, materiais e suportes nas suas composições plásticas.

Manifestar expressividade nos seus trabalhos, selecionando, de forma intencional, conceitos, temáticas, materiais, suportes e técnicas.  

Justificar a intencionalidade das suas composições, recorrendo a critérios de ordem estética (vivências, experiências e conhecimentos).

Organizar exposições em diferentes formatos – físicos e/ou digitais - individuais ou de grupo, selecionando trabalhos tendo por base os processos de análise, síntese e comparação, que conjugam as noções de composição e de harmonia, de acordo com o objetivo escolhido/proposto.

Selecionar, de forma autónoma, processos de trabalho e de registo de ideias que envolvam a pesquisa, investigação e experimentação.