Educação Visual

Educação Visual
6.º Ano
2.º Ciclo
Ensino Básico
Introdução

As Artes Visuais assumem-se como uma área do conhecimento fundamental para o desenvolvimento global e integrado dos alunos, em consonância com as diferentes Áreas de Competências do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, mais especificamente dos processos de olhar e ver, de forma crítica e fundamentada, dos diferentes contextos visuais. Assume como principal finalidade o alargamento e enriquecimento das experiências visual e plástica dos alunos, contribuindo para o desenvolvimento da sensibilidade estética e artística, despertando, ao longo do processo de aprendizagem, o gosto pela apreciação e fruição das diferentes circunstâncias culturais.

Organizadores das Aprendizagens Essenciais

As Aprendizagens Essenciais para as Artes Visuais, nos diferentes ciclos, estão estruturadas por Domínios/Organizadores, designadamente:

  • Apropriação e Reflexão;
  • Interpretação e Comunicação;
  • Experimentação e Criação.

Apropriação e Reflexão – Pretende-se que os alunos aprendam os saberes da comunicação visual e compreendam os sistemas simbólicos das diferentes linguagens artísticas, identificando e analisando, com um vocabulário específico e adequado, conceitos, contextos e técnicas em diferentes narrativas visuais, aplicando os saberes apreendidos em situações de observação e/ou da sua experimentação plástica, estimulando o desenvolvimento do seu estilo de representação.

Incentiva-se, a partir da experiência de cada aluno e dos processos de observação, descrição, discriminação, análise, síntese, argumentação e juízo crítico, a apreciação estética e artística, para a compreensão, entre outros aspetos, da expressividade contida na linguagem das imagens e/ou de outras narrativas visuais.

Interpretação e Comunicação – Pretende-se, de uma forma sistemática, organizada e globalizante, desenvolver as capacidades de apreensão e de interpretação, no contacto com os diferentes universos visuais - sendo desejável que não se restrinja a arte à tradição ocidental e a determinados períodos históricos -, estimulando múltiplas leituras das diferentes circunstâncias culturais. Procura-se, deste modo, desenvolver estratégias para a construção das relações entre o olhar, o ver e o fazer. Valorizam-se as vivências e as experiências de cada aluno, no sentido de o levar a uma interpretação mais abrangente e mais complexa, fazendo interdepender três realidades: imagem/objeto, sujeito e construção de hipóteses de interpretação.

Experimentação e Criação – Conjugam-se a experiência pessoal, a reflexão, os conhecimentos adquiridos, na experimentação plástica de conceitos e de temáticas, procurando a criação de um sistema próprio de trabalho. Deseja-se que a experiência plástica dos alunos não seja encarada, apenas, como uma atividade ilustrativa do que vê, mas a (re)invenção de soluções para a criação de novas imagens, relacionando conceitos, materiais, meios e técnicas, imprimindo-lhe a sua intencionalidade e o desenvolvimento da sua expressividade.

Estes Domínios/Organizadores, separados apenas por uma questão metodológica, são entendidos como realidades interdependentes, tal como explicitado no esquema seguinte:

Domínios


Os Domínios/Organizadores apresentados englobam competências estéticas e técnicas, envolvem saberes, a apropriação e domínio de materiais e suportes e integram o desenvolvimento da sensibilidade estética e artística. Nestes Domínios/Organizadores, articulam-se os processos artísticos e tecnológicos com as circunstâncias culturais, designadamente históricas, sociais e políticas.

As aprendizagens que decorrem destes Domínios/Organizadores deverão ser utilizadas pelos alunos em diferentes contextos, em ações práticas e experimentais e em projetos de trabalho (turma, escola, comunidade), individuais ou coletivos, podendo integrar transversalmente conteúdos de várias disciplinas desenvolvidos em ambientes físicos e digitais, formais e não formais.

Aprendizagens Essenciais por ciclo

As Aprendizagens Essenciais (AE) apresentadas neste documento têm subjacente um desenvolvimento das competências por ciclos (1.º, 2.º e 3.º ciclos), visto entender-se que, ao longo de um ciclo de aprendizagem, os alunos têm oportunidade de fazer um percurso formativo, no qual os conhecimentos (cor, forma, linha, textura, plano, luz, espaço, volume, movimento, ritmo, entre outros) serão mobilizados de uma forma gradual, complexificados à medida que os alunos intensificam e alargam as experiências de aprendizagem, aplicam, sistematizam e transformam os conhecimentos em vivências com significado. De acordo com esta perspetiva, estes conhecimentos podem continuar a ser desenvolvidos em ciclos posteriores, acautelando-se o princípio de que à mesma idade cronológica pode não corresponder o mesmo nível de desenvolvimento.

As AE apresentam-se como uma forma de expressar aquilo que é essencial que os alunos conheçam no final de cada ciclo e como um objetivo final a ser atingido, procurando definir o desenvolvimento esperado para todos.

Áreas de Competências do perfil dos Alunos (ACPA)
Linguagens e Textos
Informação e comunicação
Raciocínio e resolução de problemas
Pensamento crítico e pensamento criativo
Relacionamento interpessoal
Desenvolvimento pessoal e autonomia
Bem-estar, saúde e ambiente
Sensibilidade estética e artística
Saber científico, técnico e tecnológico
Consciência e domínio do corpo
Operacionalização das Aprendizagens Essenciais (AE)
Organizador
APROPRIAÇÃO E REFLEXÃO
Conhecimentos, Capacidades e Atitudes

Identificar diferentes manifestações culturais do património local e global (obras e artefactos de arte – pintura, escultura, desenho, assemblage, colagem, fotografia; instalação, land ́art, banda desenhada, design, arquitetura, artesanato, multimédia e linguagens cinematográficas), utilizando um vocabulário específico e adequado.

Compreender os princípios da linguagem das artes visuais integrada em diferentes contextos culturais (estilos e movimentos artísticos, épocas e geografias).

Reconhecer a tipologia e a função do objeto de arte, design, arquitetura e artesanato de acordo com os contextos históricos, geográficos e culturais.

Descrever com vocabulário adequado (qualidades formais, físicas e expressivas) os objetos artísticos.

Analisar criticamente narrativas visuais, tendo em conta as técnicas e tecnologias artísticas (pintura, desenho, escultura, fotografia, banda desenhada, artesanato, multimédia, entre outros).

Selecionar com autonomia informação relevante para os trabalhos individuais e de grupo.

Ações estratégicas de ensino orientadas para o perfil dos alunos

Promover estratégias que envolvam:

  • o reconhecimento de manifestações artísticas em diferentes contextos culturais e em diferentes épocas;
  • a compreensão dos elementos da linguagem plástica que caracterizam determinados movimentos artísticos;
  • a motivação para a participação individual ou de grupo em atividades artísticas (exposições,entre outras iniciativas).

Promover estratégias que envolvam criatividade do aluno,no sentido de:

  • mobilizar saberes e processos, através dos quais perceciona, seleciona, organiza os dados e lhes atribui novos significados;
  • promover dinâmicas que exijam o questionamento dos diferentes universos do conhecimento;
  • incentivar práticas que mobilizem diferentes contextos, compreendendo as possibilidades várias da construção e desenvolvimento de ideias.

Promover estratégias que desenvolvam o pensamento crítico e analítico, incidindo em:

  • debates sobre obras de arte, entre outras narrativas visuais, criando circunstâncias para a discussão e argumentação, utilizando saberes específicos das artes visuais, tendo em conta os seus pontos de vista e os dos outros;
  • apreciações fundamentadas relativamente aos seus trabalhos e aos dos seus pares, utilizando uma linguagem adequada.

Promover estratégias que envolvam por parte do aluno:

  • investigar um tema ou objeto numa visão diacrónica e sincrónica para a criação de novas imagens, relacionando conceitos, materiais, meios e técnicas;
  • compreender a intencionalidade das suas experiências plásticas.

Promover estratégias que requeiram/induzam por parte do aluno:

  • a compreensão da importância do património cultural e artístico nacional e de outras culturas, como valores indispensáveis para uma maior capacidade de participação e intervenção nas dinâmicas sociais e culturais;
  • o conhecimento dos diferentes valores/significados dos elementos das artes visuais, consoante o contexto, as culturas e as intenções.

Promover estratégias que envolvam por parte do aluno:

  • a experimentação de técnicas e materiais, ajustando-os à intenção expressiva das suas representações;
  • a utilização de vários processos de registo de ideias, de planeamento e de trabalho;
  • o desenvolvimento de processos de análise e de síntese, através de atividades de comparação de imagens e de objetos.

Promover estratégias que impliquem por parte do aluno:

  • mobilizar diferentes critérios de argumentação para a apreciação dos diferentes universos visuais;
  • indagar a(s) realidade(s) que observa(m) numa atitude crítica.

Promover estratégias que impliquem por parte do aluno:

  • verbalizar experiências de uma forma organizada, dinâmica e apelativa, utilizando um vocabulário adequado;
  • selecionar elementos de natureza diversa (plástica, escrita, entre outros) para a organização de atividades (exposições, debates, entre outras).
  • participar em projetos de trabalho multidisciplinares.

Promover estratégias envolvendo tarefas em que, com base em critérios, se oriente o aluno para:

  • identificar os “marcos” de desenvolvimento das aprendizagens, ao nível do:
    • domínio dos conhecimentos adquiridos, das técnicas e dos materiais;
    • domínio das capacidades expressivas.

Promover estratégias que criem oportunidades para o aluno:

  • colaborar na organização de debates e de exposições em contexto escolar;
  • incentivar a importância de fazer propostas de projetos a realizar e de temáticas a investigar;
  • criar o seu portefólio, com vista à autoavaliação.

Promover estratégias e modos de organização das tarefas que impliquem por parte do aluno:

  • a organização dos espaços e dos materiais, de acordo com as regras construídas em grupo e/ou pelo professor.

Promover estratégias que induzam:

  • a partilha de ideias, numa atitude de encontrar soluções e compreender o ponto de vista dos outros;
  • a disponibilidade de estar atento às necessidades dos seus pares e da comunidade, podendo exercitar formas de participação;
  • a valorização dos saberes do outro, compreendendo as suas intenções e ajudando-o a expressar as suas ideias.
Descritores do Perfil dos alunos

Conhecedor/ sabedor/ culto/ informado (A, B, G, I, J)

Criativo (A, C, D, J)

Crítico/Analítico (A, B, C, D, G)

Indagador/ Investigador (C, D, F, H, I)

Respeitador da diferença/ do outro (A, B, E, F, H)

Sistematizador/ organizador (A, B, C, I, J)

Questionador (A, F, G, I, J)

Comunicador (A, B, D, E, H)

Autoavaliador (transversal às áreas)

Participativo/ colaborador (B, C, D, E, F)

Responsável/ autónomo (C, D, E, F, G, I, J)

Cuidador de si e do outro (B, E, F, G)

Organizador
INTERPRETAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Conhecimentos, Capacidades e Atitudes

Utilizar os conceitos específicos da comunicação visual (luz, cor, espaço, forma, movimento, ritmo; proporção, desproporção, entre outros), com intencionalidade e sentido crítico, na análise dos trabalhos individuais e de grupo;

Interpretar os objetos da cultura visual em função do(s) contexto(s) e dos(s) públicos(s);

Compreender os significados, processos e intencionalidades dos objetos artísticos;

Intervir na comunidade, individualmente ou em grupo, reconhecendo o papel das artes nas mudanças sociais;

Expressar ideias, utilizando diferentes meios e processos (pintura, escultura, desenho, fotografia, multimédia, entre outros);

Transformar narrativas visuais, criando novos modos de interpretação;

Transformar os conhecimentos adquiridos em novos modos de apreciação do mundo;

Organizador
EXPERIMENTAÇÃO E CRIAÇÃO
Conhecimentos, Capacidades e Atitudes

Utilizar diferentes materiais e suportes para realização dos seus trabalhos;

Reconhecer o quotidiano como um potencial criativo para a construção de ideias, mobilizando as várias etapas do processo artístico (pesquisa, investigação, experimentação e reflexão);

Inventar soluções para a resolução de problemas no processo de produção artística;

Tomar consciência da importância das características do trabalho artístico (sistemático, reflexivo e pessoal) para o desenvolvimento do seu sistema próprio de trabalho;

Manifestar capacidades expressivas e criativas nas suas produções, evidenciando os conhecimentos adquiridos;

Recorrer a vários processos de registo de ideias (ex.: diários gráficos), de planeamento (ex.: projeto, portefólio) de trabalho individual, em grupo e em rede;

Desenvolver individualmente e em grupo projetos de trabalho, recorrendo a cruzamentos disciplinares (artes performativas, multimédia, instalações, happening, entre outros);

Justificar a intencionalidade dos seus trabalhos, conjugando a organização dos elementos visuais com ideias e temáticas, inventadas ou sugeridas.